Agora que se realizou o Grande Prémio dos Países Baixos – clique aqui para ver a crónica da corrida e resultados – e que leva os pilotos de MotoGP para uma longa pausa de verão que vai durar nada menos do que cinco semanas, ficámos a saber que a Gresini Racing de Nadia Padovani fechou a sua equipa para 2023 com a confirmação de Alex Márquez ao lado de Fabio di Giannantonio. Uma confirmação que tem influência no futuro do português Miguel Oliveira.
De cada vez que é instado a comentar as movimentações do mercado de MotoGP e do paddock, Miguel Oliveira continua a revelar uma tranquilidade que chega a ser “assustadora”. Numa “silly season” que se prolonga há vários meses, e que, inclusivamente, levou o português a abordar esse tema na antevisão que fez ao GP dos Países Baixos, o futuro de Miguel Oliveira continua a ser um dos grandes destaques do paddock.
E sem Grandes Prémios nas próximas semanas, podemos agora tentar entender quais as hipóteses que Miguel Oliveira tem para o seu futuro agora que a Gresini Racing preferiu Alex Márquez ao português.
A hipótese mais forte será a futura equipa satélite RNF Aprilia liderada por Razlan Razali. O diretor de equipa malaio não esconde o seu apreço pelo talento de Miguel Oliveira. E a reforçar essa vontade da marca italiana temos Massimo Rivola, CEO da Aprilia Racing. O responsável italiano afirmou que seria um prazer ter Miguel Oliveira aos comandos da Aprilia RS-GP. Mas que não sabia se teriam euros para garantir a sua contratação.
Seja como for, tudo indica que a nova RNF Aprilia, equipa que já sabemos que terá motos de 2022 e não as mais recentes de 2023, apresenta-se como a equipa mais forte para Miguel Oliveira prosseguir a sua carreira na próxima temporada. Convém ter em conta que estaria sempre numa equipa satélite, que vai estrear-se com uma Aprilia, e que a moto não será igual às usadas por Aleix Espargaró e Maverick Viñales. Mas também temos de referir que a Razlan Razali já garantiu que a moto terá novos componentes ao longo de 2023 para manter-se competitiva.
Outra porta que continua aberta é a Tech3. Este é um tema que Miguel Oliveira já por diversas vezes referiu estar fora das suas cogitações. Apesar de ter sido muito feliz na equipa de Hervé Poncharal, onde garantiu duas vitórias em MotoGP, a oferta da KTM Racing para que o piloto de Almada saísse da equipa de fábrica para voltar à satélite Tech3 não foi de todo do seu agrado.
Mas as negociações com a KTM e a Tech3 nunca pararam nos bastidores. Apesar de ser um cenário que não estava nos planos de Miguel Oliveira, as últimas declarações do piloto da Red Bull KTM Factory deixam no ar que existe uma certa aproximação de interesses.
Pit Beirer, diretor desportivo da KTM Racing, afirma que Miguel Oliveira é um amigo e até o considera família, e quer contar com o talento do português para organizar um projeto desportivo verdadeiramente forte na categoria rainha. Beirer já assumiu o erro que foi trazer para MotoGP dois jovens como Raul Fernandez e Remy Gardner. A vontade da marca austríaca será colocar Miguel Oliveira na Tech3, provavelmente ao lado de Pol Espargaró, de forma a formar duas equipas realmente competitivas, pois Brad Binder e Jack Miller na equipa de fábrica já estão confirmados.
A oferta da KTM é vantajosa a nível financeiro – Miguel Oliveira já disse que a KTM está a fazer tudo para o manter – e, a nível desportivo, sabemos que a KTM está a preparar uma RC16 totalmente nova para 2023. A esse nível, Miguel Oliveira saberá bem aquilo que os austríacos estão a preparar, e poderá estar agradado com as condições que lhe são oferecidas.
Ao contrário da RNF Aprilia, a Tech3 tem garantidas duas RC16 iguais às usadas pela equipa de fábrica, recebe um forte apoio por parte da casa de Mattighofen para trabalhar as motos, e ao longo da temporada Miguel Oliveira teria direito a receber evoluções do protótipo austríaco.
Nas últimas horas outra hipótese pode entrar no futuro do português: Monster Energy Yamaha.
A equipa de fábrica da Yamaha não está nada satisfeita com as prestações de Franco Morbidelli. O italiano ainda tem contrato válido por mais um ano, pelo que deveria estar seguro ao lado de Fabio Quartararo. Porém, os contratos não são inquebráveis, pelo que a formação liderada por Lin Jarvis estará a tentar encontrar forma de dar por terminado o contrato de Morbidelli um ano antes do previsto.
Se isso acontecer, e, recordamos, neste momento isto não passa de rumor de paddock, a Monster Energy Yamaha ficaria com uma moto sem piloto. A Yamaha M1, uma moto que apesar de menos veloz é ainda assim uma moto ágil e muito rápida na velocidade de passagem em curva, poderá ser a companheira perfeita para Miguel Oliveira, um piloto que precisa de uma moto mais “certinha” de forma a mostrar toda a sua rapidez em pista.
E se a porta da Monster Energy Yamaha se abrir, Miguel Oliveira ficaria inserido numa equipa de fábrica, algo que foi sempre o seu desejo desde que abriu as negociações para 2023, pois acredita que por aquilo que já fez em MotoGP – quatro vitórias – deve ter lugar numa equipa de nível superior aos das equipas satélite.
Porém, para que isto aconteça seria necessário que houvesse uma grande conjugação de diversos fatores, o que a torna altamente improvável de realmente acontecer.
A LCR Honda estará fora dos planos. A equipa de Lucio Cecchinello tem na mira Alex Rins. O espanhol que está obrigado a encontrar nova equipa depois de se saber que a Suzuki Ecstar abandona o MotoGP, já confirmou estar muito perto de assinar contrato com a LCR Honda. E a seu lado estará um piloto japonês, provavelmente Ai Ogura, que sobe de Moto2. Mas para a LCR poderia entrar nestas contas o espanhol Raul Fernandez, que também pretende desvincular-se do contrato com a KTM e a Tech3.
A Mooney VR46 de Valentino Rossi tem os seus lugares fechados. Marco Bezzecchi e Luca Marini vão certamente manter-se aos comandos das Ducati Desmosedici que estão à disposição da formação gerida por Pablo Nieto.
A Pramac Ducati ficará com Johann Zarco, o francês que continua a mostrar-se muito rápido, mas também constante. O segundo piloto da equipa não está definido, mas será para Jorge Martin ou para Enea Bastianini. Desta forma a estrutura satélite da Ducati não tem lugar vago para Miguel Oliveira.
Faltará a Ducati Lenovo Team escolher qual dos dois – Martin ou Bastianini – estará ao lado de Francesco Bagnaia a partir de 2023. O que também significa que Miguel Oliveira está fora dos planos da equipa de fábrica de Borgo Panigale. Aliás, Paolo Ciabatti, diretor da Ducati Corse, confirmou publicamente que a decisão para segundo piloto da Ducati Lenovo Team estará entre Jorge Martin e Enea Bastianini.
A última equipa que tem lugar para eventualmente acolher Miguel Oliveira será a Repsol Honda. Marc Márquez, apesar da sua grave lesão, tem contrato com a equipa japonesa até final de 2024. A segunda RC213V de fábrica tudo indica que seja para Joan Mir, atual piloto da Suzuki Ecstar e campeão de MotoGP em 2020.
Alex Rins, quando falou da sua situação com a LCR Honda já durante o Grande Prémio dos Países Baixos, disse que nem conseguiu falar com a Repsol Honda, pois essa equipa já terá outro piloto assegurado, no caso Joan Mir. Pelo que também não haverá aí lugar para Miguel Oliveira.
Seja como for, a pausa de verão de MotoGP deverá ser o momento em que as negociações entre pilotos e equipas se vão finalizar. E certamente teremos mais confirmações nas próximas semanas, incluindo a de Miguel Oliveira, que melhor do que qualquer pessoa estará consciente do que pretende e o que pode fazer no seu futuro.
Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos continuar a acompanhar de perto as decisões que envolvem os diversos pilotos de MotoGP, com especial destaque para o futuro de Miguel Oliveira na categoria rainha. A não perder!