Foram 27 voltas de elevada intensidade, drama, mas também de muita emoção. O Grande Prémio da Indonésia no circuito de Mandalika teve todos os ingredientes que os fãs esperam de uma corrida de MotoGP, incluindo nova reviravolta na liderança do campeonato quando nada o fazia prever.
Com a temperatura elevada e o asfalto do circuito indonésio bastante abrasivo, e com os pilotos a usarem as informações da corrida de Sprint no dia de ontem, esta corrida principal do Grande Prémio da Indonésia levou a diferentes escolhas de pneus Michelin slick, com os pilotos da categoria rainha a usarem todas as opções de compostos: macio, médio e até o duro.
No arranque para a longa batalha indonésia, os grandes destaques assim que os semáforos se apagaram foram Jorge Martin (Prima Pramac Ducati), que de 6º na grelha de partida saltou de imediato para a liderança e começou logo a tentar escapar, mas também o português Miguel Oliveira (CryptoData RNF Aprilia), que de 12º garantiu um daqueles seus arranques mais conseguidos e saltou então na travagem para a primeira curva para 8º.
Sem toques de maior ou incidentes nas primeiras curvas, sempre problemáticas numa corrida de MotoGP, Miguel Oliveira parecia finalmente ter as condições para levar a sua Aprilia RS-GP 22 #88 a um excelente resultado, mas a corrida principal do Grande Prémio da Indonésia viria a ser estragada do ponto de vista do português por ação de outro piloto.
Com Jorge Martin a escapar na frente da corrida, à sexta volta já estava com quase dois segundos de vantagem sobre Maverick Viñales (Aprilia Racing), e com Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) em terceiro a procurar minimizar a perda de mais pontos para o spanhol da Prima Pramac, Miguel Oliveira estava confortável na sexta posição, aproveitando a “long lap” de Brad Binder (Red Bull KTM Factory), penalização que o sul-africano sofreu depois de toque com Luca Marini (Mooney VR46) que deixou o italiano fora de corrida.
Porém, o piloto português não resistiu aos ataques de Jack Miller (Red Bull KTM Factory) e Marco Bezzecchi (Mooney VR46), descendo então a 8º, e ficando com Binder atrás de si.
Na 11ª volta Miguel Oliveira estava sob forte pressão de Brad Binder, mas conseguiu defender a 8ª posição dos primeiros ataques do seu antigo companheiro de equipa na KTM. Até que em mais um momento bastante mal calculado nesta corrida do GP da Indonésia, tal como tinha acontecido com Marini antes, Brad Binder leva longe demais o seu esforço, trava mais tarde que Miguel Oliveira, mas falhou por completo esse ataque.
Binder acabou por estragar a corrida de Miguel Oliveira ao tocar no português, empurrando o piloto da CryptoData RNF Aprilia para fora de pista, sofrendo danos na sua moto, e descendo para 16º quando regressou à pista. Binder passou relativamente incólume a este toque, mas voltou a ser penalizado com nova “long lap”.
Para Miguel Oliveira, a partir desse momento, foi uma questão de honra terminar a corrida, tentando minimizar os estragos, mas o mal estava feito. Viria a terminar em 12º, somando alguns pontos, mas um resultado final de Grande Prémio da Indonésia que sabe a muito pouco quando parecia que teríamos Miguel Oliveira na luta pelas melhores posições em MotoGP.
Aguardamos agora as declarações do piloto português para obter uma reação ao que aconteceu neste domingo no circuito de Mandalika.
Enquanto tudo isto acontecia a Miguel Oliveira, lá na frente parecia que Jorge Martin ia caminhar tranquilamente para mais uma vitória este fim de semana na Indonésia. O espanhol, que procurava alargar a vantagem na liderança recém-conquistada do campeonato, rodava isolado em primeiro.
Porém, à 13ª volta, Jorge Martin comete um pequeno erro na chegada à curva 11 do circuito de Mandalika, perde a frente da sua Ducati Desmosedici GP23, e assim ficou fora de ação, vendo o seu principal rival Francesco Bagnaia assumir perseguição a Maverick Viñales, que com a queda e desistência de Martin estava então na liderança da corrida.
Um verdadeiro golpe de teatro em MotoGP, com Martin visivelmente desiludido pois tinha aqui mais uma excelente oportunidade para ganhar mais pontos a Bagnaia na luta pelo título.
Assim, Maverick Viñales, tal como já tinha acontecido na Sprint de sábado, estava então na liderança da corrida da categoria rainha. Mas este ainda não seria o dia para o espanhol da Aprilia celebrar a vitória, pois Francesco Bagnaia, que optou por pneu dianteiro duro contra o médio dianteiro de Viñales, estava então a ganhar muito tempo em cada travagem, “esmagando” a frente da sua Ducati e colocando pressão sobre Viñales.
Enquanto isso, um pouco mais atrás, Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), depois de se desenvencilhar de Aleix Espargaró (Aprilia Racing), que muito rapidamente ficou em apuros com os pneus macios na sua moto e ficou sem argumentos para discutir posições, iniciou uma corrida ao seu melhor nível, pelo menos no que lhe vimos nesta temporada 2023.
O francês chegou a estar a quatro segundos dos dois primeiros quando alcançou o derradeiro lugar do pódio, mas assim que ultrapassámos a primeira metade da corrida de MotoGP do Grande Prémio da Indonésia, “El Diablo” entrou num ritmo diabólico, sendo constantemente o mais veloz entre o trio da frente, e chegando com relativa facilidade aos dois primeiros.
Por essa altura, o piloto que Quartararo encontrou à sua frente já não era Bagnaia, pois o italiano, ao perceber que poderia ganhar 25 pontos a Martin, não perdeu tempo a atacar Viñales e assumiu com relativa facilidade a liderança da corrida na Indonésia. Abriu logo uma margem de um segundo para o piloto da Aprilia, que por sua vez estava novamente a sofrer com muito desgaste no pneu traseiro da sua moto e ficava em apuros pois Fabio Quartararo estava então muito rápido com a sua Yamaha M1.
Os dois antigos companheiros de equipa na Yamaha ficaram então entretidos na batalha pela segunda posição, beneficiando Francesco Bagnaia que podia respirar um pouco na liderança sem tanta pressão.
Mas a verdade é que a discussão pela vitória durou mesmo até às últimas curvas, quando Bagnaia perde muito tempo já na última volta, e nas duas últimas curvas tanto Viñales como Quartararo se conseguem colocar muito perto de Bagnaia que acabou por dar uso à excelente capacidade de aceleração da Ducati para garantir a sexta vitória da temporada e levar a melhor sobre Maverick Viñales e com Fabio Quartararo a ter de se contentar com o derradeiro lugar do pódio.
Desde 2006, quando Marco Melandri venceu o Grande Prémio da Turquia, que nenhum piloto que arrancou para a corrida fora das quatro primeiras linhas da grelha de partida tinha conseguido vencer uma corrida disputada com piso seco. Francesco Bagnaia foi então o primeiro a conseguir isso.
Nas contas do campeonato, Francesco Bagnaia está, um dia depois de ter perdido posição, novamente na liderança da classificação de pilotos de MotoGP, agora com uma margem de 18 pontos para Jorge Martin.
Nesta corrida do Grande Prémio da Indonésia, temos também de realçar mais algumas situações.
Para além das muitas desistências – terminaram apenas 14 pilotos, portanto, todos os que terminaram conseguiram pontuar –, com destaque para a 23ª queda da temporada para Marc Márquez (Repsol Honda), é impossível não destacar a excelente corrida de Fabio di Giannantonio (Gresini Racing).
O italiano, que está muito perto de sair de MotoGP por não ter moto para 2024, realizou a sua melhor corrida nesta categoria e cruzou a meta em 4º, mostrando já no parque fechado todas as emoções por este resultado neste momento em que não tem ainda equipa para a próxima temporada.
E por falar em destaques, também realçar a resistência, tanto física como emocional, de Marco Bezzecchi. O piloto da Mooney VR46, terceiro classificado do campeonato, e depois do esforço que realizou na Sprint para terminar no pódio, levou a resistência da sua clavícula direita ao limite nesta longa corrida que fechou o GP da Indonésia, e foi mesmo 5º classificado.
Uma última nota para a prestação de Alex Rins. O piloto espanhol da Castrol LCR Honda, finalmente consegue competir na totalidade de um Grande Prémio após a lesão, e fecha o fim de semana em Mandalika com um saboroso 9º lugar.
Resultados da corrida de MotoGP do Grande Prémio da Indonésia
1 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
2 – Maverick Viñales (Aprilia Racing)
3 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
4 – Fabio di Giannantonio (Gresini Racing)
5 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46)
6 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
7 – Jack Miller (Red Bull KTM Factory)
8 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
9 – Alex Rins (Castrol LCR Honda)
10 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)
12 – Miguel Oliveira (CryptoData RNF Aprilia)
Classificação de MotoGP após Grande Prémio da Indonésia
1 – Francesco Bagnaia – 346 pontos
2 – Jorge Martin – 328 pontos
3 – Marco Bezzecchi – 283 pontos
4 – Brad Binder – 211 pontos
5 – Aleix Espargaró – 177 pontos
6 – Maverick Viñales – 165 pontos
7 – Johann Zarco – 162 pontos
8 – Luca Marini – 144 pontos
9 – Jack Miller – 135 pontos
10 – Fabio Quartararo – 132 pontos
14 – Miguel Oliveira – 73 pontos
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