Após três dias de muita ação em pista, terminou hoje o primeiro teste oficial de MotoGP em Sepang. Uma pré-temporada que arrancou da melhor forma, com todas as equipas a testarem diferentes novidades e, mais uma vez, um teste onde ficou confirmado que o grande foco será a aerodinâmica com todos os fabricantes a testarem carenagens laterais inferiores mais “gordas” para gerar o denominado efeito-solo.
Neste terceiro dia de teste oficial em Sepang, os pilotos da categoria rainha foram brindados com melhores condições climatéricas do que anteriormente. Infelizmente, a chuva noturna acabou por deixar algumas zonas do asfalto do circuito malaio molhadas, porém, com o passar da manhã, a temperatura subiu para os 32 graus Celsius e a humidade situou-se nos 75%, pelo que os pilotos puderam finalmente fazer os “time attack”.
Quanto a Miguel Oliveira (CryptoData RNF Aprilia), e depois das excelentes indicações que deu no 2º dia de teste de Sepang onde foi inclusivamente o piloto que mais voltas cumpriu ao circuito e o segundo mais veloz, neste terceiro e último dia nesta pré-temporada na Malásia, o português ficou-se pelo 17º melhor tempo.
Miguel Oliveira voltou a cumprir mais de 50 voltas, 52 para sermos mais exatos, e a sua volta mais rápida do dia de hoje foi em 1m58.922s, mais lento por isso do que a volta em 1m58.839s que tinha registado no dia de ontem.
Refira-se que na tabela de tempos que combina os resultados dos três dias em Sepang, Miguel Oliveira fica então com a 15ª posição, sendo inclusivamente um dos dois pilotos a tempo inteiro de MotoGP que não conseguiu melhorar o seu tempo dos dias anteriores. O outro foi Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha).
Aguardamos agora as declarações do piloto português sobre o que aconteceu neste 3º dia de teste de MotoGP em Sepang, sendo de realçar que Miguel Oliveira já tinha deixado no ar nas suas declarações de ontem que, pese embora a moto tenha potencial para fazer tempos mais velozes, iria reunir-se com a sua equipa técnica na CryptoData RNF Aprilia para decidirem mais coisas para testar neste dia de teste final.
Isto poderá significar que em vez de um “time attack” puro, que é sempre importante, mas não o mais relevante numa sessão de teste de pré-temporada, Miguel Oliveira terá cumprido um programa diferente na procura de outras estratégias e opções que lhe permitam enfrentar com diferentes argumentos a longa e intensa temporada de MotoGP que arrancará com o Grande Prémio de Portugal de 24 a 26 de março.
Quanto aos mais rápidos da tabela de tempos, o dia de domingo voltou a terminar com uma Ducati no topo. Depois de Marco Bezzecchi no primeiro dia, Jorge Martin no segundo dia, desta feita foi Luca Marini a voltar a colocar a Mooney VR46 Ducati no primeiro lugar da tabela de tempos.
A Ducati lança um sério aviso à concorrência, e mostra que tanto a Desmosedici GP23, já bastante elogiada pelo campeão Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), e que também é utilizada pela equipa satélite Prima Pramac Ducati, como a anterior Desmosedici GP22, que este ano será usada pelas equipas Gresini Racing e Mooney VR46, continuam a ser as motos a bater.
Marini rodou hoje a cerca de uma décima do recorde absoluto do circuito de Sepang, obtido por Jorge Martin durante a qualificação para o Grande Prémio da Malásia em 2022. O irmão mais novo de Valentino Rossi rodou em 1m57.889s, e fez com que a equipa do nove vezes campeão do mundo terminasse em dois dias no topo da tabela de tempos, pois Bezzecchi já o tinha feito no primeiro dia.
Luca Marini foi por isso o piloto mais rápido em pista tendo em conta os resultados dos três dias de teste combinados.
Com o segundo tempo ficou o campeão com a sua Desmosedici GP23 #1. “Pecco” Bagnaia, ao contrário do que sucedeu há um ano, mostra-se bastante satisfeito com a moto italiana e refere mesmo que neste momento a GP23 está já, no mínimo, ao nível da GP22 com que se sagrou campeão. O piloto da equipa de fábrica e natural de Turim rodou em 1m57.969s.
O pódio deste teste fica completo com a primeira não-Ducati. Com uma volta em 1m58.036s, Maverick Viñales (Aprilia Racing) coloca a sua nova RS-GP 23 na terceira posição do 3º dia de teste, e também nos tempos combinados. O espanhol continua a mostrar-se muito satisfeito com as sensações que obtém ao pilotar a nova moto de Noale. Faltará saber se gosta do motor V4 na sua especificação 2023, um motor que a Aprilia Racing irá disponibilizar aos seus pilotos de fábrica no teste de Portimão.
Sem grandes novidades técnicas a serem testadas neste terceiro dia em Sepang, aqui ficam os principais destaques de cada fabricante
Aprilia
A casa de Noale sai do teste de Sepang satisfeita, embora seja obrigada a encontrar mais qualquer coisa se de facto quiser enfrentar “olhos nos olhos” a compatriota Ducati. Aleix Espargaró não foi o melhor piloto Aprilia neste teste de pré-temporada. O espanhol de Granollers foi 6º e viu o seu companheiro de equipa Maverick Viñales ser 3º.
Os dois pilotos rodaram exclusivamente com as motos de 2023, sendo que o motor V4 que usaram neste teste ainda não é a versão final que deverá ser homologada para a temporada que se avizinha. Será esse motor capaz de aproximar as Aprilia RS-GP ainda mais das Ducati Desmosedici GP?
A verdade é que as Aprilia parecem ser as únicas motos capazes de dar luta às Ducati, com Maverick Viñales, como habitualmente acontece na pré-temporada, a mostrar-se rápido e tranquilo com o trabalho que está a ser feito na box italiana. Tanto ele como Aleix Espargaró rodaram com duas motos cada um, e cada uma equipada com o novo pacote aerodinâmico deste ano.
Quanto à CryptoData RNF Aprilia, a equipa satélite de Razlan Razali deverá também sair de Sepang satisfeita com os resultados. Miguel Oliveira poderá não ter fechado o teste na posição que desejava, mas revelou boas sensações e garante que a RS-GP de 2022 tem potencial para fazer ainda melhor assim que a adaptar ao seu estilo. Depois, Raul Fernandez, o espanhol que no ano de estreia em MotoGP sentiu tantas dificuldades em obter resultados com a KTM Tech3, termina o teste de Sepang com o 11º tempo na tabela de tempos combinados!
Ducati
No campo da Ducati, as coisas não podiam ter corrido muito melhor nestes três dias em Sepang. Foram sempre a marca mais rápida em pista – Bezzecchi, Martin e hoje Marini –, sendo que tanto a GP23 como a anterior GP22 estão muito fortes.
Davide Tardozzi, diretor de equipa da Ducati Lenovo Team, refere que apesar de Bagnaia referir que a GP23 está já muito competitiva, existirá um ponto em que a GP22 é ainda melhor. Será nesse ponto, obviamente mantido em segredo, que a Ducati Corse irá trabalhar durante o teste final de pré-temporada em Portimão.
A Ducati tem testado diferentes configurações aerodinâmicas, principalmente ao nível das carenagens laterais inferiores. Os pilotos de fábrica Bagnaia e Enea Bastianini rodaram com as suas motos equipadas com as condutas “descendentes” e ainda a carenagem efeito-solo, mais volumosa. De acordo com algumas informações ainda não confirmadas, a preferência dos pilotos recai sobre a versão de condutas “descendentes”.
Os restantes pilotos Ducati também estiveram em bom plano, nomeadamente os pilotos da Mooney VR46 e Jorge Martin (Prima Pramac Ducati). Contudo, neste último dia de teste, a casa de Borgo Panigale voltou a colocar 7 motos no “top 10”, e inclusivamente Alex Márquez (Gresini Racing) teve aqui o seu melhor resultado em teste de pré-temporada desde que chegou ao MotoGP.
Honda
O HRC sabe que ainda não tem o pacote vencedor que os seus pilotos Marc Márquez e Joan Mir esperam pilotar em 2023, mas a Honda RC213V parece estar a dar os passos, pequenos, é certo, na direção certa. Márquez foi o 10º mais rápido ao fim dos três dias de teste, a menos de oito décimas de Luca Marini. Tanto ele como Mir (12º) testaram diversas novidades nas suas motos e apesar de referirem que ainda há muito trabalho pela frente, certamente estarão mais satisfeitos agora do que estavam antes do teste de Sepang.
Na LCR Honda, Takaaki Nakagami parece estar em maiores dificuldades, e o 21º tempo, batendo apenas o “rookie” Augusto Fernandez (GasGas Factory Racing Tech3) e os pilotos de teste, deixa o piloto japonês a precisar de encontrar grandes melhorias.
Por seu lado, Alex Rins vai continuando a adaptação à Honda RC213V, e o piloto espanhol garante que fará o esforço para adaptar o seu estilo à moto japonesa em vez de a tentar transformar na sua antiga, e vitoriosa, Suzuki GSX-RR. Rins foi 18º no terceiro dia de teste, mas 19º na tabela de tempos combinados com uma diferença de pouco mais de um segundo para Luca Marini.
GasGas
Nas hostes da GasGas, e da Tech3, estrutura que gere a equipa gémea da KTM, Pol Espargaró foi desta vez o piloto encarregado de testar o suposto novo motor V4 da RC16, que emana uma sonoridade diferente do habitual, e que já tinha sido utilizado pelos pilotos KTM nos dias anteriores.
Efeito do motor ou não, a verdade é que Pol Espargaró fecha o teste com o 13º melhor tempo a menos de um segundo de Luca Marini. Já o estreante Augusto Fernandez teve a oportunidade de rodar com novidades ao nível do chassis, para além de diferentes componentes na sua GasGas RC16.
KTM
A marca austríaca aposta forte em 2023, e para isso investiu muito na contratação de técnicos e na parceria com a equipa Red Bull de Fórmula 1 para desenvolver o pacote aerodinâmico da RC16. Porém, o maior destaque será o motor que, de acordo com quem esteve no circuito, faz um ruído diferente.
No final dos três dias de teste de MotoGP em Sepang, Brad Binder foi o piloto mais rápido da equipa de fábrica colocando-se na 14ª posição. Jack Miller, que sofreu uma queda na curva 1, sem consequências, voltou a não se destacar nos tempos por volta e fechou este teste de pré-temporada com o 18º tempo.
Os dois pilotos da Red Bull KTM Factory Racing saíram para a pista com pacotes aerodinâmicos diferentes. Enquanto Binder testou e rodou muitas voltas com o novo “pack” de asas estreado no Shakedown de Sepang, Miller aproveitou o tempo em pista para explorar a aerodinâmica que a KTM RC16 estreou no teste de Valência no final do ano passado.
Refira-se que Jack Miller, conhecido por nunca guardar para si aquilo que pensa, já destacou que neste teste com a KTM RC16 “Parece que bati numa parede!”, como forma de dizer que não conseguiu dar passos em frente no desenvolvimento da moto.
Yamaha
Se olharmos para a tabela de tempos combinados dos três dias de teste oficial de MotoGP em Sepang, encontramos Fabio Quartararo em 17º e Franco Morbidelli em 20º. Ambos a cerca de um segundo de diferença dos mais rápidos em pista. Tendo por base exclusivamente esta informação, podemos pensar que a Monster Energy Yamaha estará novamente em apuros.
Porém, a tabela de tempos, a acreditar nas palavras de Massimo Meregalli, diretor de equipa, não conta a história toda e a Yamaha sai de Sepang rumo a Portimão com otimismo.
Tudo porque tanto Quartararo como Morbidelli já terão dado o “OK” para a Yamaha utilizar o novo motor quatro cilindros em linha que esteve a desenvolver para 2023 na YZR-M1 com que vão competir esta temporada. O motor japonês está mais potente. Basta ver a velocidade máxima que a M1 agora consegue atingir. Mas ainda lhes faltará afinar muitos outros aspetos no protótipo de Iwata.
Nomeadamente ao nível da aerodinâmica. Tanto o piloto francês como o italiano utilizaram diferentes configurações de asas nas suas M1, sem, aparentemente, terem conseguido decidir qual a melhor configuração que encaixa melhor nas necessidades da moto.
Por outro lado, a Yamaha continua a trabalhar no novo quadro e braço oscilante, sendo que será nesses componentes que tanto Fabio Quartararo como Franco Morbidelli depositam as suas esperanças no sentido de minimizar o péssimo ritmo que a M1 tem quando montam pneus novos.
Resultados do 3º dia de teste oficial de MotoGP em Sepang
1 – Luca Marini -Mooney VR46 – 1m57.889s
2 – Francesco Bagnaia – Ducati Lenovo Team – 1m57.969s
3 – Maverick Viñales – Aprilia Racing – 1m58.036s
4 – Enea Bastianini – Ducati Lenovo Team – 1m58.149s
5 – Jorge Martin – Prima Pramac Ducati – 1m58.204s
6 – Aleix Espargaró – Aprilia Racing – 1m58.307s
7 – Fabio di Giannantonio – Gresini Racing – 1m58.344s
8 – Marco Bezzecchi – Mooney VR46 – 1m58.363s
9 – Alex Marquez – Gresini Racing – 1m58.385s
10 – Marc Márquez – Repsol Honda – 1m58.666s
17 – Miguel Oliveira – CryptoData RNF Aprilia – 1m58.922s
Teste de Sepang de MotoGP – Veja aqui crónica e resultados do 1º dia
Teste de Sepang de MotoGP – Veja aqui crónica e resultados do 2º dia
Resultados combinados dos três dias de teste oficial de MotoGP em Sepang
1 – Luca Marini -Mooney VR46 – 1m57.889s
2 – Francesco Bagnaia – Ducati Lenovo Team – 1m57.969s
3 – Maverick Viñales – Aprilia Racing – 1m58.036s
4 – Enea Bastianini – Ducati Lenovo Team – 1m58.149s
5 – Jorge Martin – Prima Pramac Ducati – 1m58.204s
6 – Aleix Espargaró – Aprilia Racing – 1m58.307s
7 – Fabio di Giannantonio – Gresini Racing – 1m58.344s
8 – Marco Bezzecchi – Mooney VR46 – 1m58.363s
9 – Alex Marquez – Gresini Racing – 1m58.385s
10 – Marc Márquez – Repsol Honda – 1m58.666s
15 – Miguel Oliveira – CryptoData RNF Aprilia – 1m58.839s
A próxima vez que os pilotos de MotoGP voltarem a testar com as suas motos será durante o teste oficial de dois dias no Autódromo Internacional do Algarve, dias 11 e 12 de março. Recordamos que os fãs que já têm bilhete para o Grande Prémio de Portugal podem assistir na bancada principal do AIA ao teste. Quem não tem bilhete para o GP, pode também assistir ao teste na bancada principal, mas terá de adquirir no circuito o bilhete que custa 10€.
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