MotoGP – O regresso das 500 cc?

A Dorna estuda a hipótese do regresso das 500 cc, em formato dois cilindros e para substituir as atuais Moto3 de 250 cc.

Desde que na temporada 2002 de MotoGP se iniciou a era dos motores a quatro tempos na categoria rainha, então com 990 cc, muitos adeptos sonham com o regresso das míticas e bestiais 500 cc a dois tempos. Agora, a Dorna, por intermédio de Carmelo Ezpeleta, revela que está a estudar a hipótese das “quinhentos” regressarem ao Mundial de Velocidade, embora seja necessário ressalvar que essa possibilidade está longe das saudosas 500 cc a dois tempos usadas na categoria rainha.

Em declarações concedidas ao portal alemão SpeedWeek, Ezpeleta confirma que a sua organização, e, naturalmente, também a Federação Internacional de Motociclismo (FIM), está atenta à evolução dos mais jovens talentos do motociclismo de velocidade. Principalmente a evolução em termos físicos.

Os jovens pilotos que atualmente competem na categoria mais baixa do Mundial de Velocidade têm à sua disposição as pequenas Moto3, motos equipadas com motores a quatro tempos, monocilíndricos e de 250 cc. Mas os mais jovens pilotos estão a apresentar uma fisionomia bastante diferente do passado.

Ezpeleta destaca mesmo que “É verdade, o piloto médio de hoje em dia é mais alto do que no passado. Ultimamente tenho visto pilotos da Red Bull Rookies Cup e outras séries que são demasiado grandes para as Moto3. Concordo que é algo em que temos de pensar”.

500 ccAs diferenças de dimensões entre pilotos, quer em altura como também em peso, são assunto que tem dado que falar em várias categorias, como por exemplo no Mundial Superbike, onde Jonathan Rea (Kawasaki Racing Team) tem-se referido várias vezes à “injustiça” que é competir contra Alvaro Bautista (Aruba.it Ducati), um piloto mais pequeno e significativamente mais leve que o norte-irlandês, que fica logo à partida em desvantagem.

Mas nas pequenas Moto3, onde a performance é bastante equiparada entre motos de diferentes fabricantes, um piloto mais pequeno e leve tem uma vantagem ainda maior sobre rivais mais pesados e altos.

A solução para este problema poderá então passar pela alteração nas motos usadas na categoria Moto3. Até final da temporada 2026 continuaremos a ter as “dois e meio” monocilíndricas e a 4T devido ao acordo em vigor, mas a partir de 2027 seria possível introduzir motos equipadas com motores dois cilindros a 4T.

A cilindrada desses novos motores poderia ser de 400 cc, mas Carmelo Ezpeleta refere que isso não seria interessante para os fabricantes japoneses. Por outro lado, se subirem de cilindrada, para os 500 cc, isso permitirá a outros fabricantes entrarem nesta renovada Moto3, e onde atualmente temos apenas a competir motos fabricadas pela KTM (nas suas mais diversas marcas incluindo GasGas, Husqvarna e CFMoto) e a Honda.

E a apoiar esta ideia de renovação começamos a ver nomes bem conhecidos do Mundial de Velocidade, como Luca Boscoscuro, ex-piloto e atual proprietário da equipa Speed Up, que olham para os jovens pilotos e percebem as dificuldades em pilotar motos tão pequenas comparativamente aos seus corpos:

“Agora, os pilotos vão chegar ao Mundial Moto3 com a idade de 18 anos (o mínimo), têm uma altura de 180 cm e pesam provavelmente 70 kg. Depois têm de pilotar motos pequenas com motor monocilíndrico de 250 cc e 60 cv. Na minha opinião precisamos de motos mais potentes e maiores em Moto3. E não é apenas pela idade dos pilotos, mas porque também existe uma diferença maior entre os 250 cc e os 750 cc das Moto2. Temos de considerar se não deveríamos fazer a mudança para motores 400 ou 500 cc em Moto3. A Aprilia, por exemplo, tem um motor V2 (SXV 550) que produz 70 cv na sua versão stock. E no Mundial Supersport há muito que o limite dos 600 cc desapareceu…”.

Se veremos o regresso da cilindrada 500 cc, agora em formato 4T e dois cilindros, ao Mundial de Velocidade, isso ainda é uma incógnita. Mas o facto de Carmelo Ezpeleta admitir essa possibilidade, e fazê-lo de forma pública, significa que mudanças estão a caminho das Moto3.

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