Após três etapas cumpridas, a grande caravana de cerca de 300 motos conduzidas pelos seus intrépidos motociclistas aventureiros chegou ao palanque final em Portimão, num momento fantástico que assinalou o fim do 8º Portugal de Lés-a-Lés Off Road, esta grande viagem ao melhor estilo mototurismo e sob a organização da experiente equipa da Federação de Motociclismo de Portugal (FMP).
Este ano o Portugal de Lés-a-Lés Off Road arrancou em Penafiel, passou na Figueira da Foz, seguiu caminho rumo a Estremoz antes de colocar “mira” no fim de aventura por estradas e caminhos “off road” em Portimão ao fim de três etapas.
Com os mototuristas aventureiros a desfrutarem de paisagens fantásticas e cenários completamente distintos, colocando à prova as suas capacidades de levar as motos até ao fim através de troços mais revirados, outros mais rolantes, com pedras ou areia, e até a ocasional lama que, nos dias quentes que vivemos, surpreendeu os mais incautos após a queda de alguma humidade noturna ou algumas pingas de chuva no primeiro dia, o sentimento geral na chegada à cidade algarvia banhada pelo refrescante Atlântico era de satisfação.
De Penafiel a Portimão foram 906,5 quilómetros de aventura e camaradagem, de descoberta e superação, de prazer de condução e boa disposição. Vivências que tornam cada final do Portugal de Lés-a-Lés Off Road num momento de sensações fortes e sentimentos contraditórios.
A chegada ao palanque final, no término da grande aventura gizada pela FMP é, para todos, um instante de festa. Que, passados poucos minutos, se transforma numa sensação de estranho vazio, sabendo que ainda falta um ano até à próxima edição.
Um desafio à medida da experiência de condução, do espírito, da idade e da máquina utilizada. Que, recorde-se, havia-as de todos os tamanhos e cilindradas, cores e feitios. Das maiores e mais modernas trail do mercado às improváveis scooters, passando por alguns modelos de pequena cilindrada que deixaram marcas na história no motociclismo nacional.
A Yamaha DT50 LC é, seguramente, uma delas, bem conhecida de milhares e milhares de portugueses que com ela se estrearam nas lides das duas rodas.
Não foi o caso de Rodolfo Sampaio que, depois de fazer o Lés-a-Lés ‘de estrada’ com uma nada apropriada Honda Z50 tipo ‘chopper’ decidiu manter a fasquia bem elevada e estrear uma DT50 na variante Off Road. “Uma moto completamente desconhecida, que nunca tinha conduzido antes, para uma aventura super divertida e que não ofereceu o mínimo problema. Foi só meter gasolina, adicionar óleo ao autolube e… já está”.
Uma saudável loucura para o ex-piloto de enduro e raides cuja única preocupação foi “Cortar um pouco de gás nas zonas mais degradadas para não estragar a suspensão da motinha. É que sempre eram 110 quilos aos saltos em cima dela. Eram, à partida! Porque agora, com as vezes que tive que dar ao pé nas maiores subidas, devo ter perdido algum peso”, disse, mostrando-se preocupado em descobrir o paradeiro da equipa de terapeutas que acompanha o evento, “Para tentar disfarçar as mossas num corpinho de 61 anos”, e ainda garantiu que “A Yamaha DT50 LC está pronta para ir a rodar até casa, mas… o piloto vai deixá-la descansar”.
Sentimento unânime de excelente disposição que reforçou o ambiente de festa criado na marginal portimonense, onde o rio Arade cumpre os últimos metros antes de mergulhar no oceano Atlântico.
A derradeira etapa, desde Estremoz, ofereceu 314 quilómetros de belíssimas paisagens, das intermináveis planícies alentejanas, com pistas rápidas entre sobreiros e muitos olivais de cultura intensiva, à variedade de caminhos na serra algarvia, dos trilhos mais enduristas aos mais largos estradões.
Estes foram palcos de grande diversão para os mais de 300 motociclistas cuja boa disposição nem era abalada por alguns problemas técnicos, como furos ou correntes partidas.
Incidentes que eram, acima de tudo, mais um motivo de conversa nas paragens nos oásis onde as bolas de Berlim, o café ou as águas, servidas com muita simpatia pelo staff da Honda num belíssimo spot nas margens da albufeira da barragem de Odivelas, ou os ovos mexidos, bifanas, fruta e sopa de agrião no Oásis da FMP, iam ajudando a repor as energias.
Que bem precisas eram para alguns participantes, menos habituados a tamanhas exigências físicas.
Foi o caso de Madalena Casanova, a mais jovem participante, que, aos 18 anos, cumpriu o sonho de fazer o Portugal de Lés-a-Lés Off Road depois de, em julho, ter-se estrado com sucesso na variante asfáltica da aventureira travessia.
O sorriso esfuziante confirmava o sentimento de quem adorou “Este Lés-a-Lés, mais duro que o de estrada, é certo, mas que também dá muito mais gozo em termos de superação, em termos de conquista”.
Aos comandos de uma Yamaha DT125 LC, que ‘nasceu’ antes dela, Madalena só lamenta “Não ter feito uma melhor preparação, tanto física como da moto, que permitiria rolar mais solta e com maior diversão. Mas o importante foi mesmo acabar com a moto direitinha. Bem… mais ou menos! É que foi preciso reapertar algumas peças sobretudo depois de algumas pequenas quedas, a uma média de duas por dia, e todas para o lado direito. Pelo menos os estragos ficaram concentrados”.
E, entre sorrisos, confirmou que a DT ficou em condições de cumprir o resto do percurso, a rolar por estrada até Lisboa, depois de ter cumprido a ligação até Penafiel.
No final da viagem foram vários os sentidos abraços numa festa em jeito de despedida, animada pelos risos de alguns dos petizes que, umas horas antes, tinham descoberto que os motociclistas são amigos do ambiente.
As crianças da Escola Básica da Coca Maravilhas plantaram um pinheiro-manso no espaço de recreio e aprenderam como tratar de uma árvore que aporta grandes vantagens à floresta lusitana. Uma ‘aula’ dada por elementos da Comissão de Mototurismo da FMP com o apoio de docentes, membros da Câmara Municipal de Portimão e do Moto Clube de Portimão, integrada no âmbito da 5ª Campanha Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés.
E que, de forma simples e apoiada numa banda desenhada criada exclusivamente para o efeito, explicou a importância das espécies autóctones na revitalização da floresta.
O 8º Portugal de Lés-a-Lés Off Road terminou assim, em ambiente de festa e animação em Portimão. Agora? Agora é aguardar para a edição 2024 para perceber quais os novos caminhos a descobrir nesta aventura da Federação de Motociclismo de Portugal.
Leia também – Lés-a-Lés Off Road arranca a reflorestar Portugal
Leia também – Portugal de Lés-a-Lés Off Road: Mais de 300 motos já arrancaram de Penafiel
Leia também – Portugal de Lés-a-Lés Off Road: Resumo da 1ª etapa
Leia também – Portugal de Lés-a-Lés Off Road: Resumo da 2ª etapa
Fique atento a www.motojornal.pt para estar sempre a par de todas as novidades do mundo das duas rodas. A não perder!