Contacto Honda CRF 1100L Africa Twin/Adventure Sports

A Honda prometeu uma Africa Twin mais potente, mais leve, tão ou mais equilibrada que antes. E prometeu também uma versão carregada de electrónica, nas suspensões e no especial painel digital táctil. Duas novas Africa Twin ajustadas ao actual e exigente mercado das maxi-trail. Prometeu e cumpriu. E de que forma…

Texto Rui Marcelo • Fotos Honda Motor Europe –

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A Africa Twin “base”  

Antes a Honda criou primeiro a CRF versão “base” e só dois anos depois lançou a versão Adventure Sports – também chamada Big tank – aproveitando até a comemoração dos 30 anos do modelo. E a tal “base” era o modelo principal. Agora inverteu os papéis: tornou a Adventure a estrela, e ajustou a “outra” Africa Twin a um conceito ainda mais fora de estrada, mais radical, mais Rally.

Em vermelho ou preto-mate apenas, a 1100 conta com depósito mais pequeno (18,8 lts), um ecrã mais baixo e recto na dianteira e sobretudo toda a secção traseira mais estreita e simples, sem grelha porta-bagagens e pegas para o pendura, com rodas pretas raiadas apenas para pneus normais (não-tubless), com uma protecção de cárter mais pequena (mas mesmo assim eficaz). Não inclui nem punhos aquecidos nem tomada de 12 volts de origem. O peso da moto (valor em ordem de marcha) é inferior em 12 kg à Adventure. A silhueta desta Twin, depressa nos evoca uma moto de enduro, compacta e inspirada nas CRF 450, numa filosofia que não se esperava por parte da Honda: oferecer uma moto grande para um TT mais “à séria”. Mas assim é e, na prática, mesmo contando com o inevitável volume, peso e inércia de uma trail desta categoria, a CRF vai mais além no TT que antes, especialmente se montar pneus de tacos.

Apesar de não ter o assento mais baixo que a anterior versão, o facto de ser mais estreito junto ao depósito, altera muito a maneabilidade e controlo da moto, em andamento ou nas manobras em zonas mais técnicas. Depois, ao terem subido as mesas do guiador 22 mm, a trail manteve a filosofia de condução – tronco direito, pernas em linha com o tronco e braços abertos q.b. – mas conduz-se melhor, sobretudo em pé. Se antes a Twin “base” era já muito fácil de levar, agora ficou ainda mais fácil e divertida. Não chega à facilidade de trails abaixo do litro de capacidade – leia-se Yamaha Ténéré 700 ou KTM 790 – em maneabilidade e menor inércia, mas melhorou muito na facilidade e prazer com que se leva. Isso deve-se às alterações da ciclística, sobretudo pelo aligeirar da traseira (braço oscilante mais leve 500 gr) e às renovadas suspensões Showa, mas muito também devido à resposta do novo motor.

Mesmo a Twin com caixa manual é mais fácil de levar em baixa rotação porque o incremento do binário e suavidade de entrega são trunfos fortes. O escalonamento das três primeiras relações, sobretudo, é perfeito para galgar trilhos sem acelerar e sem esforçar a embraiagem. Já a versão com caixa automática DCT, tem neste aspecto uma grande vantagem sobretudo para quem se inicia ou tem menos experiência, pois em qualquer situação o motor nunca se cala nunca, e o ajuste da potência à situação de piso e velocidade atingida é imediato, sobretudo com o controlo de tracção em modo “Gravel”.

Na realidade, a electrónica ajuda muito mais e quem se estiver a iniciar no TT irá usufruir mais disso. Além disso, a Twin será mesmo das motos que melhor aproveita a potência em baixo regime e as funções electrónicas para nos permiti r rolar sem medo fora de estrada. A versão DCT é claro mais pesada e isso nota-se, mas qualquer uma delas move-se mesmo em trilhos mais apertados de forma rápida, apoiando-se bem nas suspensões que, de facto, são mais que ajustadas a este modelo e às suas potencialidades fora de estrada – mesmo para gente mais experiente.

Por outro lado, mesmo sendo possível montá-las, não necessita das suspensões electrónicas da versão Adventure. A moto tem uma excelente brecagem (vira em pouco espaço), permitindo manobras em zonas apertadas com facilidade – de novo a vantagem de assento mais estreito – e por outro lado trava de maravilha, claro que sem o ABS ligado na roda traseira para quem sabe um pouco mais, mas também com ele em modo “Off -Road” para os que se iniciam e rolam mais devagar.

A Twin não cansa muito, é confortável e no fundo a Honda conseguiu mesmo criar uma moto mais TT que o esperado. Será, de novo – até porque é a mais barata do lote – a que muitos deverão escolher, contudo terão de investi r certamente numa grelha portabagagens traseira (fácil de montar) e num ecrã frontal mais alto que o original, pois o montando deixa ver tudo mas protege muito pouco.

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