Mais uma etapa concluída, a 5ª etapa, e o Rali Dakar prepara-se para estrear um novo formato de desafio. Mas enquanto o desafio da especial de 48H Crono da maior maratona todo-o-terreno do mundo não chega (inicia-se na 6ª etapa), os pilotos foram obrigados a cumprir a etapa de hoje por entre as dunas, com a muita areia macia a fazer a diferença para alguns pilotos.
O mais rápido a concluir os 118 km de especial que levou a caravana a dirigir-se a Shubaytah, foi Pablo Quintanilla (Monster Energy Honda Team). O piloto chileno da equipa que tem o português Ruben Faria como diretor desportivo, demorou pouco mais de 1H30m para completar a 5ª etapa, tendo percorrido a distância em modo “full attack”. Esta foi a sétima vitória em etapas do Dakar para o piloto da Honda.
Quintanilla confirma que a maior dificuldade do dia de hoje foi mesmo enfrentar o sol a refletir no mar de areia, mas ainda assim não cortou “gás” e com isso conseguiu bater o seu companheiro de equipa Adrien van Beveren. A diferença entre os dois pilotos da Honda cifrou-se em 37 segundos.
A completar o pódio desta 5ª etapa do Rali Dakar encontramos Toby Price. O australiano da Red Bull KTM Factory Racing demorou um pouco mais de um minuto para cumprir a especial em relação a Van Beveren, o que significa que em relação a Quintanilla perdeu 1m39s.
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Nesta etapa curta do Dakar, em termos de especial porque no total foram mais de 770 km a percorrer a contar com a ligação, podemos ainda destacar as prestações de Daniel Sanders (Red Bull GasGas Factory Racing), que ao ser o quarto mais veloz conseguiu reagir a alguns dias menos positivos.
O americano Mason Klein (KORR Offroad Racing), afastados, para já, os problemas mecânicos na sua nova Kove, consegue um “top 5”. Porém, Klein encontra-se muito atrasado na classificação Geral das motos neste Dakar 2024, pelo que o melhor que poderá almejar é conseguir brilhar em algumas etapas.
E por falar em classificação Geral das motos, depois de ter visto Jose Ignacio Cornejo (Monster Energy Honda Team) a tornar-se líder da prova disputada no deserto da Arábia Saudita no final da etapa de ontem, Ross Branch (Hero Motorsports Team Rally), mesmo tendo sido apenas 6º mais rápido na 5ª etapa, consegue recuperar a liderança do Dakar aproveitando da melhor forma as dificuldades adicionais encontradas por Nacho Cornejo que, fruto da vitória de ontem, foi hoje obrigado a abrir caminho perdendo por isso muito tempo para os rivais (foi 13º).
Quanto à comitiva de pilotos portugueses, o melhor continua a ser Rui Gonçalves. O piloto de Vidago e que defende as cores da equipa Sherco Rally Factory, teve hoje um dia menos positivo em comparação com o crescendo de resultados que vinha a evidenciar nos dias anteriores.
Rui Gonçalves fechou a 5ª etapa com o 18º tempo e na Geral das motos desceu uma posição, ocupando agora a 15ª posição, com precisamente 57 minutos de diferença para Ross Branch e a sua Hero.
Surpresa, ou talvez não para aqueles que têm seguido a trajetória do piloto, Bruno Santos (XRaids Experience) consegue hoje a sua melhor classificação em etapa, e por pouco não entra no lote dos vinte melhores. Foi o 22º do dia, e na Geral sobe duas posições estando agora na 36ª posição aos comandos da sua Husqvarna. A cada dia que passa, e sem exagerar nos riscos que toma, Bruno Santos tem vindo também a crescer nos resultados, nesta que é, recordamos, a primeira vez que participa no Rali Dakar.
Refira-se que foi o segundo melhor “rookie” da 5ª etapa, e na Geral encontra-se em quarto lugar entre os melhores pilotos estreantes.
A etapa para os restantes pilotos portugueses fechou com António Maio (Drag’On Rally Team) em 25º, Mário Patrão (Crédito Agrícola – MarioPatrao.com) a ser 34º, Alexandre Azinhais (Club Aventura Touareg) a ser o 98º, enquanto Gad Nachmani (Club Aventura Touareg), que compete com licença portuguesa, foi o 106º piloto mais rápido a cumprir a especial relativa à 5ª etapa.
Reações dos pilotos portugueses à 5ª etapa do Rali Dakar
Rui Gonçalves
“A etapa de hoje foi praticamente toda ela composta por dunas. Vim sempre num bom ritmo e a divertir-me bastante com a minha Sherco. A certa altura, numa duna com areia mais mole, sofri uma queda que me fez perder algum tempo porque os instrumentos de navegação deixaram de funcionar. Tive de voltar a ligar os instrumentos mas a partir deste momento já não havia muito a fazer tendo seguido até ao final sem contratempos.
Mais uma vez queria agradecer a todos o enorme apoio que me têm vindo a dar ao longo deste Rally”.
Bruno Santos
“Foi um dia longo e frio. Chegámos hoje ao Empty Quarter, o maior deserto de areia do mundo, num dia pontuado com muitas dunas e areia. Amanhã na sexta etapa vamos cumprir a especial de 48 horas, uma jornada que estamos todos bastante ansiosos de realizar pois vai ser um verdadeiro desafio ficar à noite no deserto isolados de tudo. Hoje foi um dia muito bom. Rolei bastante bem, mas cometi um erro e entrei por antecipação num ponto onde não devia e por este motivo devo sofrer uma penalização o que é uma pena. Mas, faz parte da corrida e ainda há muito Dakar pela frente”.
António Maio
“Hoje o dia foi bastante longo. Saímos muito cedo para uma ligação de mais de 500 km e estava muito frio. No entanto, foi uma etapa positiva onde não tive problemas e não caí. A navegação foi um pouco mais complexa uma vez que o dia foi passado nas dunas do Empty Quarter o que torna o nosso trabalho muito complicado porque temos poucas referências no horizonte para nos guiarmos. De uma forma geral está tudo a correr bastante bem. Eu estou em boa forma e o Bruno continua a trabalhar muito bem na moto, por isso penso que o balanço até agora é muito positivo. Amanhã vamos ter um novo desafio que é a etapa de 48 horas em que vamos ficar sozinhos no deserto e isolados do mundo. Vamos ver como corre”.
Mário Patrão
“A etapa de hoje, à semelhança de ontem, foi extremamente longa e dura. A organização tem apostado em waypoints secretos, o que tem dificultado a navegação. Hoje fui penalizado por excesso de velocidade, mas continuo a assegurar o primeiro lugar na minha classe. Tem sido um desafio diário como já referi anteriormente, mas mantenho-me focado na prossecução do meu objetivo que é levar a vitória para Portugal. Dirijo uma palavra de agradecimento aos patrocinadores que permitem que lute e almeje a vitória, ao apoiarem-me”.
Resultados da 5ª etapa do Rali Dakar
1 – Pablo Quintanilla (Monster Energy Honda Team) – 1H32m53s
2 – Adrien van Beveren (Monster Energy Honda Team) +37s
3 – Toby Price (Red Bull KTM Factory Racing) +1m39s
4 – Daniel Sanders (Red Bull GasGas Factory Racing) +2m58s
5 – Mason Klein (KORR Offroad Racing) +3m01s
6 – Ross Branch (Hero Motorsports Team Rally) +3m42s
7 – Ricky Brabec (Monster Energy Honda Team) +3m48s
8 – Stefan Svitko (Slonaft Rally Team) +4m10s
9 – Tobias Ebster (Kini Rally Racing Team) +4m33s
10 – Skyler Howes (Monster Energy Honda Team) +4m55s
18 – Rui Gonçalves (Sherco Rally Factory) +7m29s
22 – Bruno Santos (XRaids Experience) +9m39s
25 – António Maio (Drag’On Rally Team) +10m17s
34 – Mário Patrão (Crédito Agrícola – MarioPatrao.com) +15m05s
98 – Alexandre Azinhais (Club Aventura Touareg) +51m09s
106 – Gad Nachmani (Club Aventura Touareg) +1H00m37s
Classificação Geral das motos após 5ª etapa
1 – Ross Branch – 19H05m03s
2 – Jose Ignacio Cornejo +1m14s
3 – Ricky Brabec +3m47s
4 – Adrien van Beveren +18m10s
5 – Kevin Benavides +21m17s
6 – Pablo Quintanilla +26m47s
7 – Toby Price +31m36s
8 – Daniel Sanders +37m44s
9 – Romain Dumontier +38m52s
10 – Martin Michek +39m52s
15 – Rui Gonçalves +57m00s
24 – António Maio +1H57m23s
36 – Bruno Santos +3H56m19s
37 – Mário Patrão +3H57m20s
77 – Alexandre Azinhais +8H33m13s
94 – Gad Nachmani +10H19m57s
Antevisão da 6ª etapa do Rali Dakar (a disputar em dois dias)
Shubaytah / Shubaytah
Total 766 km / Especial 532 km
Dois dias de um desafio totalmente novo no Rali Dakar, e onde a experiência dos pilotos nas etapas maratona não servirá de muito. Quando o relógio marcar 16H00 no primeiro dos dois dias, os pilotos terão de parar no próximo bivouac que encontrarem. A organização criará diversos bivouacs ao longo da etapa, onde os pilotos recebem apenas os equipamentos e suplementos suficientes para passarem a noite no Empty Quarter sob as estrelas.
Não terão a oportunidade de escolherem companheiros para os ajudarem nas tarefas de manutenção das motos, nem ajuda exterior. Vão estar completamente isolados. A organização do Rali Dakar promete que a navegação será fator crucial nesta etapa de 48H, com muitos Waypoints escondidos.
E os pilotos dos automóveis desta vez terão de encontrar o caminho sozinhos, pois as Motos vão ter um percurso separado, o que impede os automóveis de seguir os trilhos deixados pelas motos.
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