Entrevista Jorge Viegas Presidente FIM – 1ª Parte

Esta é talvez a conversa mais importante do ano de 2019. Jorge Viegas foi eleito como o primeiro presidente da FIM português e, como é seu hábito, desde cedo ‘arregaçou as mangas’ e deitou mãos à obra. Num trabalho em duas partes, fiquem a saber um pouco do que se passa nos bastidores da Federação Internacional de Motociclismo e quais os projetos no novo homem forte da entidade máxima do motociclismo mundial. Tudo bem temperado com o picante que só Jorge Viegas sabe ‘temperar’ os seus pensamentos e declarações!

TEXTO FERNANDO PEDRINHO MARTINS • FOTOS HELLOPHOTO – MIGUEL ARAÚJO/ARQUIVO JORGE VIEGAS

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Em Portugal eu não existo!

Mas numa estrutura que se quer profissionalizada não deveria ser assim? Só que a Federação não tinha hipóteses de me pagar. Eu dei 23 anos da minha vida à FMP, tal como o Manuel que já lá está há seis anos. Mas demos tudo! Demos a vida! Estamos sempre disponíveis, fins-de-semana… Onde é que a Federação nos podia pagar? Felizmente que nunca precisámos, temos a nossa vida profissional… isto é mesmo por paixão. Não é por mais nada! Ainda hoje me disseste que é bom ter um presidente português na FIM, mas as invejas e críticas de que sou alvo provêem exclusivamente de Portugal! Eu cada vez me sinto mais longe do meu país! Ainda agora estive na apresentação do Kimi Ring, o novo circuito na Finlândia, e no sábado promovemos uma conferência sobre as mulheres no desporto motorizado, com pilotos de motos e automóveis, num total de cinquenta mulheres que participaram e em que até o Ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês marcou presença. À noite apareci no telejornal nacional a falar. Na segunda-feira, na apresentação do circuito, o meu filho, que vive em Helsínquia, ligou-me para dizer que tinha aparecido de novo no telejornal da Finlândia. Em Portugal eu não existo! Mas não é por mim, porque não preciso de notoriedade nacional, mas sim pelo nosso motociclismo. É isso que eu tento promover! No dia em que eu morrer vou ser o tipo que fez e aconteceu… Agora não, dizem que é ‘armação’, que é só ‘tachos’ e por aí fora.

Mas isso é a conversa de sempre… De sempre e das mesmas pessoas. É massacrante e cansativo. E acho que é completamente injusto. Se olharmos para o que é o motociclismo em Portugal, atualmente, e o que era há 20 anos atrás quando começámos a fazer as coisas como devia ser, não tem nada a ver. Zero! Bola!

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