A ACEM –Associação de Fabricantes Europeus de Motos publicou no passado mês de setembro de 2021 um estudo encomendado à consultora britânica Oxford Economics sobre “A importância económica das motos na Europa”. No documento, que se reporta ao ano de 2019, fomos encontrar várias informações interessantes sobre o peso da indústria das duas rodas no espaço europeu (UE) e Reino Unido (UK).
Contam-se assim nas suas páginas vários indicadores que permitem uma análise demográfica correlacionada, bem como dos números de vários sectores, nomeadamente de produção de veículos, acessórios, desportos, eventos turismo, exportações, apurando ainda os benefícios diretos, indiretos e induzidos para a economia do Velho Continente.
A importância das motos no espaço europeu
No conjunto da indústria e mercados em apreciação, que engloba motociclos, ciclomotores, triciclos e quadriciclos, o estudo promovido pela Oxford Economics faz uma caracterização da relevância económica e social para a sociedade europeia, suportando-se nos números de vendas e parque circulante de motos no espaço europeu e de dados estatísticos de fontes terceiras.
Convém sublinhar que este trabalho se reporta a 2019, portanto, num contexto de pré-pandemia, naquilo que ‘livremente’ aqui nos atrevemos a designar por normalidade de crescimento económico e social europeu. Ou seja, a extrapolação para os anos seguintes, ou para o momento atual, carecerá sempre de algum cuidado, mesmo atendendo a que em 2021, os números de vendas na UE voltaram a atingir os resultados de 2019.
Mas voltando ao estudo da consultora britânica, verifica-se que em 2019 foram registados na Europa e Reino Unido 1,4 milhões de veículos de duas rodas e foram produzidas em todo o continente um milhão de novas unidades.
A conclusão é de que os veículos de duas rodas representam soluções de mobilidade vantajosas, com grande economia de dinheiro e de tempo para viagens individuais.
Além disso, também são menos poluentes do que outros veículos automóveis. No total, em 2019 circulavam nos territórios em referência cerca de 39 milhões de veículos de duas rodas, o que significou 11% do total da frota automóvel, que conta no restante com 76% de automóveis de passageiros e 13% de camiões e autocarros. Este indicador permite ainda perceber que foi utilizada uma moto por cada 11 adultos na UE+UK.
Foram ainda 5 milhões de europeus que em 2019 circularam diariamente de moto, gastando em média menos 30% de tempo que os automobilistas. Contas feitas, diz o estudo que em 2019 essa economia de tempo representou 20,1 milhões de dias poupados face aos condutores de veículos de quatro rodas.
Além disso, o custo médio da utilização das duas rodas era de cerca de um terço relativamente aos carros, com uma média de 545 euros nas motos, contra uns mais dispendiosos 1.435 euros nos automóveis.
O relatório afirma ainda que a capacidade das motos de se movimentar no trânsito congestionado e a sua facilidade de estacionamento nas cidades tornam estes veículos ideais para a circular nos perímetros urbanos. Estima a consultora britânica que, se 5% das pessoas que viajam de carro na UE-27 e no Reino Unido utilizassem uma moto, economizariam 21,2 milhões de dias por ano, e teriam uma poupança de 3,3 bilhões de euros.
No Velho Continente, as motos representam 3% dos veículos utilizados para as deslocações casa-trabalho-casa (deslocações pendulares), contra os carros que alcançam os 71%, os transportes públicos 16%, e por fim as bicicletas que têm uma quota de utilização global de 9%.
Acordo com o Observatório da ACAP, em Portugal, no estudo “O condutor português” – reportado a 2018, as motos e os ciclomotores representaram 3,5% dos veículos para as idas ao trabalho, enquanto que os automóveis ascenderam a 77,9%. Veja a nossa notícia sobre esse estudo aqui.
No conjunto dos países da UE+UK com maior percentagem de motos na estrada dentro do seu parque automóvel, destacam-se a Itália com 24%, a Alemanha com 16%, e Espanha com 14%.
O maior número de motos por habitantes encontra-se na Grécia e na República Checa, que têm uma moto por cada três adultos e uma para cada cinco, respectivamente.
Os custos das emissões poluentes
Relativamente a custos ambientais, o documento aponta que as motos em média têm um impacto de 99g/km de Co2, menos de metade dos 210g/km médios de Co2 emitidos pelos caros (gasolina e gasóleo). Se desdobrarmos o universo das motos, verifica-se ainda que em média são 64g/km de Co2 produzidos pelas motos até 250 cc, sendo que estas representam 62% do parque de motos europeu (+UK).
Face a estes dados, resulta que o custo anual económico destas emissões para as motos é de 62 euros contra 114 euros verificados nos automóveis, nas deslocações pendulares.
Pode encontrar o estudo ‘A importância económica das motos na Europa’ da consultora Oxford Economics aqui. A ele voltaremos seguramente para dar-lhe conta de outras dimensões de análise e dos vários impactos económicos, directos, indirectos e induzidos, que o sector das duas motos tem na economia da UE+UK, com referência ao ano de 2019. Não perca. Aqui na motojornal.pt.
Outros artigos:
Mobilidade: As motos serão solução no “pós-estado de emergência”?
Desconfinamento: Ir de 50 cc para escola a partir dos 14 anos?