A confirmação de Miguel Oliveira como novo piloto da RNF Aprilia de MotoGP, a partir de 2023, é apenas a oficialização de uma situação que há muito se previa. E nem mesmo uma derradeira tentativa da KTM de desviar o piloto português da nova equipa satélite da Aprilia surtiu efeito, com a marca austríaca a aliciar o #88 com uma proposta bastante tentadora.
Mas Miguel Oliveira resistiu à oferta, agradeceu os anos que passou com a família KTM nas categorias Moto3, Moto2 e ainda MotoGP, promete dar tudo até final do ano pela sua atual equipa, pensando também no seu futuro enquanto piloto com estatuto oficial, mas na equipa RNF Aprilia.
Confirmada a saída do português, os responsáveis da KTM parecem finalmente “cair na real”, percebendo que perdem um piloto que lhes garantiu quatro vitórias em MotoGP. E isso levou a KTM a despedir-se de forma emocionada do ainda seu piloto.
Porque Miguel Oliveira não é apenas o piloto que lhes deu vitórias em MotoGP. Na realidade, a carreira do português é o exemplo perfeito daquilo que a KTM define como a “pirâmide de MotoGP”.
Foi o primeiro piloto a subir todos os degraus até ao topo da pirâmide que a KTM idealizou para o seu projeto no Mundial de Velocidade.
Miguel Oliveira venceu corridas na Red Bull Rookies Cup (por duas vezes) em 2008, venceu pela primeira vez em Moto3 no Grande Prémio de Itália com a KTM em 2015 e foi vice-campeão dessa categoria, depois venceu e foi também vice-campeão com a KTM em Moto2, tendo feito a sua estreia em MotoGP com a equipa satélite Tech3 antes de se mudar para a equipa de fábrica Red Bull KTM Factory.
No final de 2022 chegará ao fim uma ligação de muitos anos com a KTM, e a marca austríaca despede-se de Miguel Oliveira com emoção, mas também com elegância, permitindo ao piloto português testar com a sua nova equipa RNF Aprilia logo nos testes oficiais de MotoGP que se realizam em Valência após o último Grande Prémio do ano.
Recordamos que os contratos entre pilotos e equipas são anuais e não apenas durante a temporada e os Grandes Prémios. A KTM poderia ter-se recusado a deixar Miguel Oliveira testar a Aprilia RS-GP nos testes oficiais em Valência, mas não o fez. Uma decisão que o próprio piloto fez questão de destacar, e agradecer, nas explicações que deu sobre a sua decisão de mudar para a RNF Aprilia.
Francesco Guidotti, diretor de equipa da Red Bull KTM Factory, refere que “Tivemos a sorte de ter um piloto com a inteligência do Miguel, talento e profissionalismo na equipa de fábrica. Quando conseguimos criar o pacote certo para ele, então ele mostrou a sua classe e trouxe informações importantes para o desenvolvimento da RC16. É algo que vamos sempre apreciar. Obrigado Miguel!”.
Quem também se mostra agradecido a Miguel Oliveira é Pit Beirer.
O diretor da KTM Motorsport começa por agradecer “Ao Miguel por tudo aquilo que ele trouxe ao nosso programa de MotoGP e pelos fortes valores que ele representa. Ele subiu através do nosso sistema da KTM, mas também ajudou a validar cada etapa e mostrou competitividade ao terminar no pódio 36 vezes e com 16 vitórias para nós, quatro delas em MotoGP. A vitória na Áustria em 2020 foi simplesmente fantástica e apenas batida pela dominante e emotiva vitória em Portugal mais tarde nesse ano. Ele realmente mostrou aos pilotos mais jovens o caminho laranja através da pirâmide de MotoGP. Ele é um profissional completo, um homem de família e a sua ausência será notada na nossa parte do paddock. Desejamos-lhe tudo do melhor no seu futuro em MotoGP”.
Neste momento de despedidas, Brad Binder, companheiro de Miguel Oliveira na equipa KTM, também não perdeu a oportunidade de mostrar o seu apreço. O piloto sul-africano, há muito confirmado como piloto da Red Bull Factory por mais alguns anos, escreveu na sua página oficial no Instagram o seguinte:
“Depois de 5 temporadas fantásticas juntos, eu desejo-te tudo do melhor para o que está para vir. Obrigado por seres um companheiro de equipa fantástico e sempre um grande amigo. Vejo-te nos travões!”.
