Mundial de Supersport 300: Yamaha queixa-se de ‘concorrência desleal’

WorldSSP300

No domingo passado as Kawasaki e KTM dominaram a primeira prova do Mundial de Supersport 300; a Yamaha queixa-se de «concorrência desleal».

Estiveram 40 pilotos presentes no Motorland Aragón para a primeira corrida do ano. Estavam 13 deles aos comandos da nova Kawasaki Ninja 400; 6 com a nova KTM RC390R; 3 com Honda CBR500R; e 18 com Yamaha YZF-R3.

Na grelha, 8 Kawasaki e 2 KTM ocuparam as 10 primeiras posições; a primeira Yamaha ficou em 11.º e a primeira Honda em 29.º.

Na corrida, 9 Kawasaki e 3 KTM ocuparam os 12 primeiros lugares; a primeira Yamaha terminou em 13.º e a primeira Honda em 22.º.

Depois do fim-de-semana, na sua comunicação oficial a Yamaha diz que os seus pilotos «lutaram bravamente durante a ronda de abertura do Campeonato Mundial Supersport 300, apesar de ter sido negada a igualdade de condições, porque a FIM e a Dorna – os organizadores do campeonato – não foram capazes de equilibrar os níveis de prestações dos diferentes na grelha de partida».

Acrescenta a Yamaha: «O WorldSSP300 vê motos de variadas cilindradas e relação peso/potência na grelha, com regulamentos técnicos concebidos para garantir que, apesar dessas diferenças, os pilotos possam ter hipótese de mostrar o seu potencial, ao assegurar-se que todas as motos têm prestações de níveis semelhantes.

«Foi este regulamento que equilibrou as prestações que levou a uma tão emocionante estreia do WorldSSP300 em 2017, permitindo que as capacidades individuais e o talento sobressaíssem, em vez das vantagens técnicas, algo que a Yamaha acredita ser crucial para ajudar no desenvolvimento da próxima geração de pilotos.»

Grandes diferenças este ano

A Yamaha crê que esse equilíbrio foi comprometido com a introdução da nova Kawasaki Ninja 400 e da KTM RC390R.

«Infelizmente, não foi esse o caso na ronda de abertura em Aragão. Os pilotos Yamaha tiveram que sofrer por terem a moto com menor cilindrada. Infelizmente, isso coloca os pilotos Yamaha em desvantagem perante as outras motos na grelha, que têm uma velocidade 10 a 15 km/h superior à da R3. Isto resultou em tempos por volta conseguidos pelas Kawasaki e KTM quase 5 segundos inferiores ao recorde da pole de 2017 (2’12.712); enquanto que a Yamaha ficou fiel aos regulamentos utilizando motos com as mesmas especificações do ano passado».

No ano passado Scott Deroue (com uma Kawasaki Ninja 300) estabeleceu a pole position com uma volta em 2’12,712; este ano, Mika Perez (com uma Kawasaki Ninja 400) estabeleceu a pole com uma volta rodada em 2’07,938. São 4,774 s de diferença. (Com condições que diferiam na temperatura do asfalto: 13°C de temperatura ambiente e 26°C no asfalto no ano passado, 11°C e 20°C este ano).

A melhor Yamaha (a de Galang Hendra Pratama) qualificou este ano em 11.º com uma volta realizada em 2’10.208. Em 2017 estiveram três motos diferentes na primeira linha da grelha (Ninja 300, CBR500R e YZF-R3) separadas por 0,696 s. Este ano estiveram três motos iguais na primeira linha da grelha de partida (Ninja 400), separadas por 0,986 s.

A Yamaha pede alterações

Andrea Dosoli, Road Racing Project Manager na Yamaha Motor Europe, estava satisfeito com a evolução dos pilotos Yamaha. Melhoraram em quase dois segundos os tempos do ano passado graças, segundo ele, ao trabalho realizado durante o Inverno. Mas não estava satisfeito com a concorrência.

«Infelizmente, enfrentaram concorrência desleal, devido aos incorrectos níveis de prestações entre os construtores, quando os regulamentos técnicos foram concebidos para providenciar uma igualdade de condições. Por esta razão os nossos pilotos – que fizeram todos um trabalho fantástico – foram impedidos de lutar pelas posições que mereciam este fim-de-semana», diz um desolado Dosoli.

O responsável da Yamaha pede alterações. «Os organizadores, Dorna e FIM, compreendem a situação e esperamos fortemente que façam alterações antes da próxima corrida», que será já no próximo fim-de-semana em Assen.

O regulamento da FIM (que pode ser descarregado aqui) para esta categoria permite muito poucas alterações. Por exemplo, o motor tem que ser totalmente original e não pode ser mexido (cabeças, cilindros, êmbolos, bielas, cambota, etc. tem que ser tudo original, apenas pode ser alterado o timing das árvores de cames através do comando da distribuição). Até a caixa de ar tem que ser a original com que a moto foi homologada para a estrada; o filtro de ar pode ser trocado ou alterado, mas não pode ser eliminado. Cada piloto só tem três motores para toda a temporada (oito corridas).

À procura do equilíbrio nas prestações

Sendo motos diferentes (no número de cilindros, cilindrada e peso) o regulamento foi concebido de modo a equilibrar todos estes factores, para que a diferença seja feita pelos pilotos. Por isso, o peso mínimo permitido e o regime máximo do motor é diferente para cada modelo. A central electrónica de gestão do motor tem que ser a original (inalterada) ou com um módulo externo para a injecção aprovado pela FIM/DWO. Não são permitidos controlos de tracção, anti-cavalinho, launch control, etc, mas é permitido montar um quick shifter.

A ciclística também tem que ser a original. O quadro é marcado, porque cada piloto só pode ter uma moto em todo o momento; em caso de ter que substituí-lo, tem que requisitá-lo ao Director Técnico do campeonato. As equipas não podem ter uma moto extra de substituição. A forquilha original tem que ser mantida, mas os interiores podem ser trocados, mas apenas por material de uma lista aprovada e com preço tabelado (700 €). O amortecedor pode ser trocado, mas também por um de uma lista aprovada (com preço máximo de 850 €).

Aqui fica uma tabela com as principais características originais de cada moto, e o respectivo peso mínimo e regime máximo de rotação permitidos pelo regulamento.

  KTM RC390R Kawasaki Ninja 400 Yamaha YZF-R3 Honda CBR500R
Motor 1 cilindro, 4T, refrigerado por líquido 2 cilindros, 4T, refrigerado por líquido 2 cilindros, 4T, refrigerado por líquido 2 cilindros, 4T, refrigerado por líquido
Cilindrada 373,2 cc 399 cc 321 cc 471 cc
Potência (cv@rpm) 44 @9500 45 @10 000 42@10 750 48@8500
Regime máximo do motor permitido pelo regulamento 11 000 rpm 12 000 rpm 12 850 rpm 9500 rpm
Peso original 147 kg 168 kg 169 kg 194 kg
Peso mínimo permitido pelo regulamento 136 kg 150 kg 140 kg 156 kg