Teste sidecar Changjiang CJ650B Dynasty

Ninguém fica indiferente à passagem de um sidecar pela particularidade da construção e por serem raros de ver a rolar pelas cidades, com exceção de uns poucos destinados a passear turistas. Conheça o nosso teste ao sidecar Changjiang CJ650B Dynasty.

O ser diferente é o que todos nós, de uma forma ou outra, acabamos por ir procurando ao longo das nossas vidas e os veículos, por norma, são também uma extensão dessas pretensões. Os sidecar, pela particularidade de estilo e arquitetura são sempre veículos diferenciadores e capazes de reclamar as atenções para si.

As suas particularidades fazem com que o mercado seja de nicho e por isso, pouco vistos no nosso quotidiano, com exceção feita para quem vive nas grandes cidades, onde já vai sendo comum ver sidecars ao serviço do turismo. Fora disso, são uns poucos amantes do estilo que vão mantendo o mercado “vivo” e há marcas que continuam a apostar em novos caminhos, com novas soluções. Perfeito exemplo disso é a asiática ChangJiang que nos apresenta o CJ650B Dynasty, o qual transporta no “side” a responsabilidade de democratizar o conceito.

Recuperamos este teste ao sidecar Changjiang CJ650B Dynasty da edição Nº 1492 (Setembro de 2020) da revista Motojornal. Saiba mais em fast-lane.pt

Não torçam o nariz…

Para quem a partir do momento em que viu o nome da marca, ChangJiang torceu logo o nariz, não têm razões para isso, por diversos motivos. O primeiro, é que como poderão ver mais à frente esta marca chinesa conta com uma grande e rica história, desconhecida para muitos de nós Ocidentais. Com muitos milhões de motos fabricadas e muitos mais milhões de quilómetros percorridos, a experiência acumulada dá-nos maior tranquilidade.

A chegada à Europa é um importante passo para a chinesa Chang, que a obriga a ter uma qualidade superior, pois somos um mercado exigente. É neste capítulo, da qualidade, que também pedimos que não torçam o nariz! É que grande parte dos componentes, incluindo o motor, a célebre base do dois cilindros paralelo usado pela Kawasaki em modelos como a Versys, ER-6 e Vulcan, apresentam boa qualidade e cuidado nos acabamentos.

Estética e acabamentos

É, naturalmente o que nos salta de imediato à vista, a estética e os acabamentos! Na estética detemo-nos a apreciar como os componentes modernos não estragam o desenho clássico e de inspiração retro e vice versa. Os pormenores que nos remetem para a modernidade são as luzes em LED, o painel redondo analógico com mostrador digital e o desenho do motor. No entanto, e para os menos atentos a estas coisas das motos, é muito frequente dirigirem-se a nós a dar os parabéns pela bela restauração que aqui temos…

Quando explicamos que é um modelo novo ficam incrédulos… A elegância é nota dominante no CJ650B Dynasty, essencialmente por culpa dos assentos para condutor e passageiro, estilo sela antiga com amortecedores integrados. Além disso, o interior do side é todo forrado em vinil com padrão de losangos e o assento para o terceiro passageiro é altamente confortável, com um amplo encosto acolchoado, naturalmente.

Elementos como as jantes de raios, a colocação da roda suplente e até mesmo os para-choques e a grelha de carga dianteira ajudam a essa imagem de cuidado e requinte. Para quando não se usa o side, temos uma capa de proteção de série para o tapar, assim como uma para tapar a roda suplente!

Muito particular

Se é a primeira vez que vão conduzir um sidecar, esqueçam tudo o que aprenderam e todas as técnicas de condução desenvolvidas até agora! Não tem nada a ver.  Nós já havíamos testado anteriormente motos deste segmento e por isso estamos um pouco mais familiarizados com esta dinâmica tão diferente, mas ainda assim, continua a ser um autêntico “choque” quando voltamos a estar aos comandos de uma moto destas. Uma das primeiras regras a interiorizar é que, do nosso lado direito vai um carro… É bom ter isso presente no pensamento para não corremos o risco de sofrer algum acidente.

Depois, é a exigência física que sentimos nos braços. Calma, também não é necessário irmos ao ginásio todos os dias treinar… Sentimos verdadeiramente o peso no guiador para, numa primeira fase conseguirmos rolar a direito sem “ziguezaguear” pela estrada fora e numa segunda fase, quando curvamos.

Ao curvarmos para a esquerda, temos que fazer bastante força no guiador mas contamos com o apoio da roda do “carro”, a curvar para a direita o caso muda de figura e exige maior prudência, pois além do efeito “alavanca” que temos que fazer com o braço no guiador, temos que compensar com o corpo, para que o carro lateral não levante, isto para não falar da velocidade, que deve ser cautelosa e sem exageros. Valha-nos o amortecedor de direção, ajustável em 30 níveis para nos ajudar a tornar a condução mais confortável.

 Ciclística e motor

Além dos assentos individuais e com amortecimento, contamos também com as suspensões, Kayaba, quer na frente, através da forquilha convencional, como atrás, através do duplo amortecedor, regulável na pré carga da mola. Estas mostram-se ajustadas à utilização e propósito do Dynasty, assim como a travagem, ainda CBS mas já com ABS previsto na próxima atualização, que funciona de forma equilibrada, mas particular! Com CBS temos travagem repartida pelas três rodas quando travamos com o pedal, mas quando o fazemos através da manete, contamos com travagem apenas na frente. No guiador temos um sempre útil travão de parque!

A postura de condução mostra-se correta, natural e decontraída, muito graças à colocação do guiador em alumínio, ao assento e aos pousa-pés. O passageiro goza de grande conforto, com pegas para sua segurança e o terceiro passageiro viaja num autêntico sofá, muito espaçoso, por sinal. Devido à sua configuração, os cerca de 370 kg de peso não se fazem sentir mas notámos falta da marcha-atrás que nos facilitaria a vida em determinadas ocasiões.

O painel de instrumentos oferece- nos toda a informação necessária para controlarmos o funcionamento da CJ650B Dynasty e para controlarmos a nossa viagem, conjugando o amplo conta rotações analógico e o pequeno painel digital de forma discreta. No equipamento nota para os punhos aquecidos de série e o botão do Mode, que nos permite selecionar dois modos de entrega de potência, o Sport e o Eco, que na prática não nos fazem sentir qualquer diferença…

Para encerrar o capítulo do equipamento, referir ainda que dentro do carro lateral encontramos duas tomadas USB e uma de 12V, voltímetro da bateria, pré instalação dos interruptores para as luzes auxiliares (que podem ser compradas como opcionais) e cinto de segurança para o passageiro do sidecar.

Chegamos assim ao motor, curiosos? Pois bem, como já referimos, este modelo utiliza o motor de dois cilindros paralelos de 649 cc, 4T, refrigerado por líquido, com injeção, 61 cv de potência e um binário de 56 Nm às 6000 rpm. Pode parecer “fraco” atendendo ao peso, mas não o é, de todo, pelo contrário, nunca notamos falta de potência. A culpa é do conjunto de transmissão, que conta com uma generosa cremalheira com 54 dentes dotando este “bi” de muita força, sacrificando a velocidade final, que pouco importa neste caso.

A verdade é que a caixa de seis velocidades se mostra curta, mas o binário está sempre muito presente e as respostas às retomadas são vigorosas, embora necessitem do seu tempo, mesmo quando rolamos na sexta velocidade. Um equilíbrio que verdadeiramente funciona.

O motor moderno permite consumos contidos, que pouco superam os 4 litros por cada 100 km, baixos níveis de emissões, menos vibrações (que embora estejam presentes não comprometem o conforto) e muito acessível no que a manutenção diz respeito. As velocidades máximas pouco superam os 120 km/h mais que suficientes.

A fechar

No geral, estamos presente um modelo (disponível em duas versões, a Dynasty aqui utilizada e a Pekin, com mais equipamento) que veio para agitar as águas num segmento muito particular e onde a principal concorrente é a Ural.

O preço mais acessível fará com que o mercado olhe para esta opção de forma mais convidativa, atendendo aos fortes argumentos que apresenta.

Outra das vantagens é a generosa capacidade de carga da bagageira. Se procuram uma moto diferente do convencional, principalmente para passeio e passar momentos memoráveis em família, não procurem mais, aqui está uma opção a ter seriamente em conta!

Versões e preços

Além da CJ650B Dynasty, aqui em análise, a ChangJiang oferece ainda a versão Pekin Express com a mesma base, mas com mais equipamento como as proteções dos faróis e farolins; luzes auxiliares no sidecar; luzes LED de nevoeiro também no sidecar; guincho elétrico traseiro para 1130 kg; pneus cardados e cores mate (areia ou caqui). O preço posiciona-a nos 14 740€, ou seja mais 500€ em relação à versão base CJ650B Dynasty, com o preço de venda ao público a fixar-se nos 14 240 €.

Saiba mais junto da ProClassico em www.facebook.com/proclassico.sidecars/

Texto: Domingos Janeiro • Fotos Rogério Sarzedo • Colaboração de: Ana Janeiro e Manuel Janeiro

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