Se as já bem conhecidas etapas maratona são complicadas de gerir pelos pilotos do Rali Dakar, a verdade é que este ano assistimos hoje à estreia de um novo formato ainda mais desafiante para pilotos e motos. A denominada etapa de 48 Horas, divide a 6ª etapa da maior prova do todo-o-terreno do mundo em duas partes: 6a e 6b.
No final da etapa 6a deste formato de 48 Horas, a organização obrigou os pilotos da categoria Moto a parar num dos sete bivouacs preparados ao longo do percurso.
Os pilotos não puderam escolher qual o bivouac em que iam parar para descansar, sendo que às 16H locais receberam o aviso para parar, tendo de o fazer no bivouac seguinte que encontrassem no percurso.
Num Rali Dakar que está a ser mais duro do que vimos em edições anteriores, registando-se já inúmeros abandonos de pilotos que habitualmente disputam as melhores posições, para além dos muitos problemas mecânicos que temos visto acontecerem diariamente a pilotos de topo, este primeiro dia da etapa de 48 Horas mostrou que tudo pode acontecer em termos classificativos.
Depois da organização avisar os pilotos que tinham de parar, temos apenas 12 pilotos a conseguirem chegar ao bivouac F, o penúltimo dos sete criados especificamente para esta etapa de dois dias, e que se localiza ao quilómetro 513 da especial. E entre eles encontra-se um português: António Maio (Drag’On Rally Team).
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O campeão nacional de TT e a sua Yamaha encontram-se entre os mais rápidos, com uma diferença de mais de 1 hora para o mais rápido até ao momento, o francês Adrien van Beveren (Monster Energy Honda Team).
Van Beveren conseguiu destronar o companheiro de equipa Ricky Brabec da liderança da etapa à passagem do segundo ponto de reabastecimento, quase a chegar ao quilómetro 400. A partir desse momento o francês foi conseguindo construir uma margem cada vez maior para o norte-americano, e no momento de parar os dois encontram-se separados por 1m21s.
Ainda assim, Brabec não estará muito desapontado, pois Ross Branch (Hero Motorsports Team Rally), que tinha recuperado a liderança do Rali Dakar na 5ª etapa, encontra-se também no bivouac F, porém perde 7m56s para Adrien van Beveren e 6m35s para Ricky Brabec.
Com isto, Brabec é o novo líder virtual da classificação Geral das Motos, com uma vantagem de 2m48s sobre Branch e com Jose Ignacio Cornejo (Monster Energy Honda Team) a segurar o pódio do Dakar graças aos muitos minutos de bonificação que conseguiu amealhar hoje.
Quanto a desistências e problemas, de destacar a desistência de Skyler Howes (Monster Energy Honda Team) com problema na sua moto, Rui Gonçalves sentiu problemas na sua Sherco e perdeu muito tempo logo a partir do quilómetro 156 (conseguiu resolver o problema e prosseguir em prova), enquanto Pablo Quintanilla (Monster Energy Honda Team) teve problemas mecânicos e depois ficou sem gasolina a poucos quilómetros da zona de abastecimento, teve de aguardar por ajuda, mas o tempo perdido deixa o chileno muito atrasado.
No que diz respeito aos pilotos portugueses, e para além do já referido António Maio no bivouac F, encontramos Mário Patrão (Crédito Agrícola – MarioPatrao.com) e Bruno Santos (XRaids Experience) a pernoitarem no bivouac D, Rui Gonçalves (Sherco Rally Factory) e Alexandre Azinhais (Club Aventura Touareg) a parar no bivouac C, e por fim Gad Nachmani (Club Aventura Touareg) no bivouac B.
Esta noite os pilotos ficam numa tenda fornecida pela organização e com alimentação básica para passar a noite. Não têm qualquer ajuda externa na reparação das suas motos, antes de amanhã completarem a especial que começou hoje.
Para ficarmos a conhecer os resultados completos da 6ª etapa de 48 Horas teremos de aguardar pelo fim do dia de sexta-feira, com os pilotos a chegarem a Shubaytah, antes de poderem desfrutar de um dia de descanso em Ríade no sábado 13 de janeiro.
Reações dos pilotos portugueses
Mário Patrão
“Temos de efetuar mais de 800 km nas 48h, a um ritmo alucinante e que não permite falhas. Temos postos de abastecimento específicos e acampamentos específicos. Tivemos de parar obrigatoriamente às 16h, algo inovador neste Dakar, e que tanta dor de cabeça causou. O dia foi pautado por uma queda após uma duna em que a visibilidade e os regos existentes para isso contribuíram. Infelizmente faz parte, mas conduzir tantos quilómetros com dores na cervical não foi fácil”.
Atualização do estado de saúde do piloto Carles Falcón
De acordo com a equipa Twin Trail Racing Team, o piloto espanhol permanece em coma induzido devido às inúmeras lesões que sofreu quando disputava a 2ª etapa do Rali Dakar. Continua internado na unidade de cuidados intensivos do hospital de Ríade, e apesar da gravidade da sua situação, a evolução clínica não mostra alterações de maior em relação ao cenário conhecido há alguns dias.
Pese embora Carles Falcón continue em estado muito grave, os médicos que o acompanham deram autorização para que possa ser transportado para Espanha, onde prosseguirá a sua recuperação com acompanhamento especializado. Essa viagem para Espanha deverá acontecer nos próximos dias.
Antevisão da 6ª etapa do Rali Dakar (a disputar em dois dias)
Shubaytah / Shubaytah
Total 766 km / Especial 532 km
Dois dias de um desafio totalmente novo no Rali Dakar, e onde a experiência dos pilotos nas etapas maratona não servirá de muito. Quando o relógio marcar 16H00 no primeiro dos dois dias, os pilotos terão de parar no próximo bivouac que encontrarem. A organização criará diversos bivouacs ao longo da etapa, onde os pilotos recebem apenas os equipamentos e suplementos suficientes para passarem a noite no Empty Quarter sob as estrelas.
Não terão a oportunidade de escolherem companheiros para os ajudarem nas tarefas de manutenção das motos, nem ajuda exterior. Vão estar completamente isolados.
A organização do Rali Dakar promete que a navegação será fator crucial nesta etapa de 48H, com muitos Waypoints escondidos. E os pilotos dos automóveis desta vez terão de encontrar o caminho sozinhos, pois as Motos vão ter um percurso separado, o que impede os automóveis de seguir os trilhos deixados pelas motos.
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