As motos elétricas continuam a ganhar o seu espaço no setor das duas rodas. Cada vez mais modelos vão aparecendo e colmatando as necessidades dos motociclistas que precisam de encontrar um meio de transporte urbano, mas, principalmente, que preferem que seja amigo do ambiente e de zero emissões. E as motos elétricas Honda prometem vir a ser parte deste conceito muito em breve.
Neste mundo da mobilidade elétrica em duas rodas as propostas mais interessantes têm sido apresentadas por marcas menos conhecidas ou com menor historial no motociclismo. E a maior parte das novidades elétricas são propostas quase exclusivamente para meios urbanos. Estamos a falar de scooters ou nakeds de pequenas dimensões.
Por outro lado, marcas de maior renome como a Harley-Davidson com a sua elétrica LiveWire – que não é comercializada em Portugal – tentam inovar neste segmento amigo do ambiente. A BMW Motorrad com a recém apresentada CE 04, scooter que já foi testada pela MotoJornal na edição Nº 1526, segue também esta filosofia da mobilidade elétrica. Os grandes fabricantes têm estado algo “distraídos” para as motos elétricas. Mas o futuro vai trazer grandes novidades, e a Honda prepara-se para revelar grandes novidades para os próximos três a quatro anos.
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Muitos projetos e protótipos foram sendo apresentados ao longo dos anos. A maior parte dos projetos nem sequer saíram do plano teórico. O que saíram, muitas vezes foram apenas vistos numa utilização em público em países asiáticos.
O início das motos elétricas Honda
A ligação da Honda com as motos elétricas pode ser traçada desde a última década do século XX. Mais precisamente de 1994. Nesse ano a Honda colaborou com várias delegações do governo japonês para fornecimento, em formato leasing, de uma scooter elétrica denominada CUV ES – Clean Urban Vehicle Electric Scooter.
Em termos visuais, a Honda CUV ES é muito semelhante a uma scooter convencional com motor de combustão interna. No entanto, esta scooter era movida pela energia elétrica armazenada num pequeno conjunto de baterias e um motor elétrico desenvolvido para uma utilização exclusivamente urbana a baixa velocidade.
A ideia por detrás do projeto CUV ES foi de permitir à Honda recolher dados sobre a mobilidade elétrica. Esses dados foram usados pela marca japonesa para outros planos. Pese embora, na década de 90, os grandes fabricantes estivessem praticamente focados nos motores a gasolina.
Apesar de diferentes estudos de motos elétricas, a Honda demorou ainda alguns anos após a mudança de milénio para mostrar a sua tecnologia elétrica. Foi necessário aguardar por 2011 para a Honda apresentar a EV-neo, mais uma scooter elétrica compacta e que a Honda fabricou em série.
A comercialização da EV-neo começou precisamente em 2011. Foi colocado um objetivo de entregar um total de 1000 unidades no primeiro ano de produção.
Porém, essa scooter elétrica da Honda apenas foi utilizada no Japão, mais precisamente nas cidades de Kumamoto e Saitama, por empresas de entregas e pelos serviços de correios japoneses. Alguns clientes particulares também tiveram a possibilidade de adquirir uma EV-neo, e isso permitiu que a Honda conseguisse recolher muitos dados sobre mobilidade elétrica em condições de utilização real.
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Numa última fase de produção da EV-neo, a Honda chegou inclusivamente a transportar para Barcelona um total de 18 unidades da scooter elétrica. Essas unidades foram disponibilizadas aos serviços da Câmara de Barcelona e foram depois monitorizadas as viagens. A Honda recolheu dados com uma periodicidade diária ao longo de 12 meses: distância percorrida, tempos de utilização e tempos de carregamento.
Desta forma a Honda conseguiu perceber as diferenças entre a utilização da EV-neo no Japão e na Europa, mais precisamente numa cidade onde as scooters são um meio de transporte preferencial, como acontece em Barcelona.
Os utilizadores da Honda EV-neo rapidamente ficaram rendidos à sua condução. O seu motor de ímanes permanentes debita cerca de 4 cv de potência, e está fixo do lado esquerdo da roda traseira. Com uma autonomia ligeiramente superior aos 35 km, a EV-neo conta com sistema de travagem com função regenerativa, o que lhe permitia alargar um pouco a autonomia graças ao acumular de energia nos momentos de travagem.
Outro aspeto destacado pelos utilizadores “teste” da Honda EV-neo foi o tempo de carga. Tendo em conta que as baterias não tinham grande capacidade para armazenar energia, e daí a autonomia reduzida, o tempo de carregar a bateria numa tomada doméstica era de 3H30m. Com um carregamento rápido a EV-neo precisava de apenas 30 minutos.
E como estamos de motos elétricas Honda atualmente?
Embora a Honda tenha apresentado muitos projetos elétricos nos grandes salões de Tóquio e Milão, a produção de motos elétricas por parte da marca japonesa centra-se nos modelos do tipo scooter.
Desde 2018 comercializa a PCX Electric na Ásia, em tudo semelhante esteticamente à convencional PCX 125 que domina o mercado nacional em termos de vendas. Neste caso a PCX Electric usa um motor de cerca de 6 cv de potência, a velocidade máxima é de 50 km/h e a autonomia sensivelmente de 50 km.
Paralelamente, a PCX Hybrid é outro projeto dentro dos projetos elétricos da Honda e que utiliza uma combinação de motor a combustão interna e motor elétrico. Em comparação com a PCX 125 convencional, esta variante híbrida apresenta uma melhoria considerável em termos de entrega de binário: mais 33% às 4.000 rpm e 22% às 5.000 rpm.
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Na Ásia a Honda comercializa atualmente outras motos elétricas. Com base no projeto PCX Electric, foi criada a Benly-e, uma scooter monoposto, um conceito que, entretanto, evoluiu para o Gyro-e. Mais recentemente a Honda Gyro-e Canopy, de três rodas, surgiu para as empresas de entregas e distribuição, com maior proteção para o condutor e capacidade de carga.
Motos elétricas de maior dimensão também fazem parte do portfólio da Honda. Nomeadamente a CR Electric, uma moto de motocross com a qual a Honda já participou em corridas no Japão. Infelizmente as informações técnicas sobre este projeto apresentado em 2019 são muito reduzidas, pelo que teremos de aguardar mais algum tempo para perceber ao certo se esta moto elétrica para MX tem “rodas para andar”.
Com outro objetivo, mas igualmente equipada com motor elétrico, vimos em 2017 ser apresentada no Salão de Tóquio a Honda Riding Assist-e. A ideia da Honda neste caso específico não foi tanto apresentar uma moto elétrica, mas sim um sistema de equilíbrio automático. Seja como for, este protótipo funcional utiliza um motor elétrico e faz parte da estratégia da Honda para atingir uma sociedade livre de carbono.
E qual é o futuro da Honda nas motos elétricas?
Na realidade, não teremos de esperar muito tempo para ver de perto os próximos projetos eletrizantes da Honda. De acordo com as informações disponibilizadas por Albert Cavero, diretor de comunicação da Honda Motor Europe em Espanha, até 2024 veremos chegar ao mercado nada menos do que três novidades elétricas equivalentes a ciclomotores de 50 cc e scooters de 125 cc.
Mas o grande interesse nas motos elétricas Honda será na “fun bike” de maior porte que será apresentada em 2024! Albert Cavero não adianta informações técnicas relevantes sobre este projeto, mas confirma que será uma moto equivalente a uma cilindrada superior e definida como uma “fun bike”.
Porém, este projeto “fun bike” elétrica não é o único em que a Honda está a trabalhar. De facto, convém recordar que a marca japonesa é parte integrante de dois consórcios especialmente vocacionados para a energia elétrica em duas rodas.
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Em 2019 a Honda, juntamente com as também japonesas Yamaha, Kawasaki e Suzuki, fundou um consórcio exclusivamente nipónico com o intuito de desenvolvimento de baterias intermutáveis entre motos das quatro marcas.
Por outro lado, em 2021, foi anunciado um segundo grupo de trabalho denominado de Consórcio de Baterias Intermutáveis para Motos e Veículos Elétricos Ligeiros. Neste caso a Honda juntou-se à KTM, grupo Piaggio e novamente à Yamaha. Tal como no caso do consórcio exclusivamente japonês, neste caso o objetivo será criar um sistema padronizado de baterias que possam ser utilizadas em várias motos.
Seja o que for que o futuro reserva para as motos elétricas Honda, tudo indica que muito em breve teremos novidades importantes da marca japonesa.