Cruzar a cidade em estilo, sentindo o “pulsar” de um bom bicilíndrico norte americano é uma experiência que se deve ter pelo menos uma vez na vida. Durante os pouco dias que testei a Sportster Custom pude gozar destas sensações únicas com um dos motores Harley que mais me agrada, o 1200. Na unidade que me foi disponibilizada a Harley escolheu “customizar” a sua edição deste ano da Sportster Custom com a decoração de aniversário, são 110 anos de existência, um marco respeitável na indústria.
A decoração de aniversário conta com vários elementos indicativos da efeméride, tanto no motor como no depósito de combustível, e uma pintura própria com castanho metalizado e preto. É uma decoração bastante discreta que acentua a simplicidade e refinamento, uma escolha muito diferente da tida para a última HD Street Glide que testei. Gosto de passar discreto “qb” e este conjunto garantiu-me essa paz de espírito para poder desfrutar da pureza de rolar.
O “1200” da Sportster oferece-nos precisamente todas as características que nos permitem rodar de forma descontraída, que em cidade como em estrada. Tem uma resposta cheia o bastante para não nos termos de preocupar com a caixa sempre que queremos subir de regime. Por outro lado apresenta um bom equilíbrio interno, pulsando o suficiente para que se sinta estar aos comandos de uma Harley, mas sem ser demasiado intenso ou rude a baixas rotações. Desde rotações muito baixa e mesmo em quinta velocidade, o bicilíndrico sobe de regime de forma constante e alegre, muito agradável.
A posição de condução escolhida para esta Sportster Custom é a típica de uma cruiser com os pés medianamente colocado para a frente, braços abertos e suavemente puxados atrás e um assento baixo, muito baixo. É uma posição que nos dá uma sessão muito descontraída sempre que queremos rolar, seja em estrada ou pelas avenidas da nossa cidade, com aquele chavão do vento na cara e de peito aberto. Quando nos queremos despachar a chegar a algum lado o desconforto surge por volta dos 110, 120 km/h. É suportável, mas deixa de fazer sentido a ausência de prazer.
Na procura de um silhueta muito baixa na traseira e mais elevada na frente levou a que a Harley escolhesse um conjunto de amortecedores para a traseira, relativamente curto. O menor curso disponível, leva a que tenhamos alguns compromissos no conforto. Se tivermos a mola mais macia, para não sentirmos tanto a pequenas irregularidades do piso, corremos o risco de esgotar o curso dos amortecedores em solicitações maiores. No caso de aumentarmos a pré-carga das molas, parte do conforto de rolar em mau piso desaparece. A solução é optar por umas unidades de melhor qualidade da linha de acessórios ou escolher criteriosamente o percurso dos nossos passeios.
Já a unidade dianteira satisfaz bastante, quer na forma como controla os movimentos verticais da roda, como no tacto de condução que transmite. Mas não é à procura de sensações puras de condução que nos leva a escolher uma Harley para nossa companheira. Contudo tem sido grande a evolução de grande parte dos componentes das motos do fabricante norte americano. Embora não seja uma desportiva, esta Sportster trava em segurança e permite curvar com uma boa dose de certeza, embora a distância ao solo seja reduzida, em muito devido aos curtos amortecedores traseiros.
A Harley-Davidson Sportster Custom 1200 foi uma excelente companhia durante uma semana, fazendo sempre em grande estilo todas as deslocações típicas de uma semana de trabalho, como umas escapadinhas para zonas de lazer de fim de semana com a desculpa de ir “testar” e fazer fotos. Aconselho a experimentarem.