Stefan Pierer: «Ninguém vence guerras comerciais»

Bandeira EUA e bandeira UE

A propósito da guerra comercial entre Estados Unidos e União Europeia, a ACEM voltou à carga na Assembleia desta associação.

Primeiro escreveu à Comissária Europeia do Comércio, Cecilia Malmström, e ao Vice-Presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen. Agora Stefan Pierer realçou a gravidade das consequências para o sector das duas rodas: «A Europa é um dos mais importantes mercados para os exportadores americanos de motos, e cerca de 30% de todas as exportações europeias de motos vão para os EUA. Esta disputa comercial pode ser extremamente prejudicial a ambos os lados. Ninguém vence guerras comerciais», disse o presidente da ACEM e CEO da KTM AG. As declarações foram proferidas na assembleia que decorreu em Sochaux (França) nas instalações da anfitriã Peugoet Scooters.

Stefan Pierer, Presidente da ACEM
Stefan Pierer, Presidente da ACEM

Recorde-se que o assunto foi desencadeado pelas declarações do Presidente dos EUA Donald Trump, manifestando a intenção de taxar as importações de aço e alumínio. Seguiu-se a resposta do Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ameaçando taxar, entre outros produtos americanos, a Harley-Davidson

Actualmente a Europa representa cerca de 16% das exportações da Harley-Davidson. A marca americana, segundo o relatório de contas publicado a 30 de Janeiro, viu as suas vendas globais descer 6,7%. As vendas na Europa caíram 2%, e 8% no mercado doméstico. Simultaneamente as suas acções caíram mais de 20% na bolsa desde Março do ano passado.

As medidas americanas e a retaliação europeia não afectaria apenas o sector na Europa, mas também nos Estados Unidos.

Medidas dos dois lados do Atlântico também afectariam a Harley-Davidson

Recentemente a H-D anunciou para breve o encerramento da fábrica de Kansas City, e a consolidação da fábrica de York. Com a eliminação de 800 postos de trabalho em Kansas City compensados pela criação de 450 em York, a empresa perde 260 trabalhadores.

Se as medidas anunciadas por Donald Trump e a UE avançarem, isso pode influenciar negativamente a recuperação das vendas. O que é precisamente o oposto daquilo que o POTUS pretendia com o agravamento das tarifas sobre a importação de aço e alumínio. A intenção era a protecção e benefício das empresas americanas.

Apesar do silêncio inicial, a Harley-Davidson acabou por reagir ao assunto: «Nós apoiamos o comércio livre e justo. Taxar as importações de aço e alumínio aumentarão os custos de produção com estes materiais, independentemente da origem», disse Michael Pflughoeft, porta voz da Harley-Davidson, citado pelo Milwaukee Business Journal. Mas não são só essas tarifas que podem ter um impacto negativo: a retaliação prometida por Junker também. «Uma tarifa retaliatória e punitiva sobre as motos Harley-Davidson em qualquer mercado teriam um impacto significativo nas nossas vendas, nos nossos concessionários, nos fornecedores e nos nossos clientes nesses mercados», conclui Pflughoeft.

Na Europa, a ACEM está a tentar que nenhuma das medidas entre em vigor. 

«Solicitamos aos estados membros da UE para urgentemente excluirem as exportações americanas de motos das suas listas de retaliação e compensação. Também encorajamos a Comissão Europeia a trabalhar construtivamente com Washington para chegarem a uma solução para a questão do aço e alumínio, e para diminuir o conflito. O sector motociclístico não pode ser trazido para esta disputa», explica Antonio Perlot, Secretário-Geral da ACEM.

A ACEM é a associação europeia dos construtores de motos.