Crónica Ana Lúcia Silva #06

Ana Lúcia Silva, mulher de um apaixonado por motos

Segurança máxima!

Quando há umas crónicas atrás mencionei que o apaixonado de motos cá de casa demorou 17 meses a escolher e comprar uma moto, penso que faz sentido partilhar convosco o processo de preparação da chegada da moto à nossa casa, isto é, à nossa garagem.

Contudo, antes de avançar, e para contextualizar o que irei descrever, identifico duas atenuantes que possam explicar o que aí vem: 1ª a moto é um objeto valioso, que deve ser guardado com toda a segurança (acho que ninguém discorda); 2ª a moto que o João tinha anterior a esta foi-lhe roubada, da garagem, e nunca mais apareceu. Ficou sem ela. Uma Honda CBR 600. Foi um episódio muito triste que fez com que o apaixonado de motos cá de casa dissesse que quando voltasse a ter moto, iria ter todo o material de segurança que fosse necessário. Assim foi. E assim é.

Após a encomenda feita no concessionário, o foco do apaixonado por motos cá de casa foi preparar a chegada da sua mais-que-tudo e garantir que esta se sentisse em segurança, assim que colocasse as suas duas rodas na nossa garagem. No alto da minha ingenuidade, achei que o que o João queria dizer quando falava em segurança, era comprar um cadeado de disco com alarme e estava feito. Não podia estar mais enganada. Há um cadeado desses, sim, mas também temos: autocolante opaco nas janelas da garagem, para que ninguém consiga ver para dentro; um anel pregado ao chão com uns parafusos do tamanho de uma cavilha gigante e com o diâmetro de uma bola de pingue pongue (nem imaginam o tamanho da broca que foi usada para fazer os buracos no chão!); uma corrente que deve pesar uns 10Kg, que passa entre o anel e uma das rodas da moto e um cadeado que, para além de prender a corrente, quando atirado à cabeça de alguém, pode perfeitamente tirar-lhe a vida! Adicionalmente, e caso seja necessário, também temos um cabo de aço, que tanto pode ser usado na garagem, como nas viagens.

A cereja no topo do bolo foi que passámos a ter alarme na garagem (coisa que não tínhamos). Quando o João me falou do alarme, disse-lhe que podíamos estendê-lo também ao apartamento. Resposta: “não, não é preciso, acho que não faz sentido”. Hum… “não faz sentido”, diz ele. Então e o mega kit de segurança faz, pergunto eu? Confesso que, racionalmente, me custa fazer esta análise. Porque vejamos: será racional ter a garagem mais protegida que o próprio apartamento? Onde estamos nós, seres humanos, família, vidas importantes? Pois, não precisam de responder. Acho que estamos de acordo!

O que eu sei é que no que toca a motos, a palavra “racional” deixa de fazer qualquer sentido. Passamos para outro patamar: o “sentimental”. E esse não se explica, sente-se. E quando aí chegamos, está tudo tramado! Enfim, quando penso muito nisso, a minha estratégia é recorrer às atenuantes. Não passa, mas sempre ajuda a relativizar!

Até à próxima e Boas Voltas!